O anúncio foi feito esta quinta-feira, 5 de junho, a um grupo de jornalistas no espaço Co-Lab do Continente. A empresa, que faz parte do universo do grupo Sonae, operando agora sob a marca MC, garante que está comprometida com a educação alimentar nacional, e portanto vai reforçar a gama Continente Equilíbrio, sobretudo durante os próximos dois anos. “Acreditamos que é um caminho de educação do paladar. A alimentação saudável pode ser diverida, sendo um assunto muito sério”, salientou Filipa Appleton, diretora de markerting da retalhista. A responsável aproveitou para recordar que este ano o Continente celebra 40 décadas de existência e que, de olhos postos naquilo que são os números mais recentes sobre a saúde dos portugueses, fez uma aposta consciente nesta gama. Isto porque, lembra, mais de 20% da população adulta portuguesa é obesa, e mais de 60% tem excesso de peso. “A alimentação é central na vida do nosso país. Um estudo que vimos recentemente dizia que nós, em Portugal, passamos duas horas por dia a comer, para além do tempo que passamos a pensar em comida”, diz, em jeito de brincadeira. Dados que deram o mote à campanha “A vida passa a comer”, onde a empresa da Sonae “quer assumir um compromisso público de contributo para hábitos mais saudáveis”.E aproveita para explicar que não chamam “Saudável” à linha Equilíbrio porque “a saúde é uma questão médica. O que é saudável para uns pode não ser para outros”. Mas, garante, aquilo que os consumidores vão encontrar nas cerca de 200 referências que compõem esta gama, são produtos que foram pensados, testados e aprovados por uma equipa de nutricionistas e “nos quais podem confiar de olhos fechados”.Atualmente, refere ainda a responsável, cerca de 2 milhões de clientes do Continente – 50% do seu universo – já compra pelo menos um produto da linha Equilíbrio, o que, salientam as responsáveis, mostra que o público está pronto para fazer “este caminho”.A alteração da composição de alguns dos produtos mais vendidos da retalhista – mesmo aqueles que não integram a gama Equilíbrio, que tem critérios muito rigorosos de compoisção – permitiu à empresa reduzir em 129 toneladas o sal utilizado, em 1083 toneladas o açúcar e em 425 toneladas a gordura saturada.No mesmo sentido, explicou Mayumi Delgado, Nutricionista e Responsável por Desenvolvimento de Produto Continente, quando foi preciso emendar a mão, o Continente teve de o fazer. “Se eu retirar todo o açúcar, de uma vez, a um iogurte, o consumidor não vai voltar a comprá-lo”, justifica. Por isso, continua, “acreditamos em mudanças graduais. Por exemplo, reformulámos a polpa de tomate, um dos produtos que mais vendemos, porque achámos que devíamos retirar o sal. Escolhemos de forma contínua a reformulação dos nossos produtos e nem sempre informamos os clientes”, para evitar que se assustem com as mudanças que, muitas vezes, podem ser impercetíveis por serem graduais. .Oferta alimentar nas escolas piora: mais guloseimas e refrigerantes, menos fruta e água.Missão EscolaO Continente quer também continuar a trabalhar junto das escolas, com quem tem estado a desenvolver algumas ações desde 2016. Mas, apesar da relação com mais de 3000 escolas no país, certo é que os números sobre a qualidade da alimentação escolar estão longe de ser animadores: tal como o DN escreveu esta terça-feira, 3 de junho, nos últimos três anos a presença de géneros alimentares identificados como “a não disponibilizar” - guloseimas, referições rápidas, molhos, salgados, refrigerantes ou pastelaria – aumentou significativamente nas escolas nacionais.Uma realidade que Filipa Appleton reconhece, lembrando que a marca não pode ter presença comercial nas escolas, mas que acredita que é possível reverter com mais educação, não apenas dos mais novos mas também dos pais, que reagem muitas vezes ao que os filhos desejam.Essa é uma das razões, explicam, que levou o Continente a optar por deixar de ter produtos alimentares infantis em qualquer outra linha que não seja a Equilíbrio. “Fizemos um deep-dive para perceber o que o consumidor sentia sobre o Continente Equilíbrio e queremos reforçar a oferta para as necessidades específicas em cada fase de vida”. E, se se começar a “educar o paladar desde tenra idade”, depois o trabalho fica facilitado, assegura Tânia Lucas, diretora de Marcas Próprias Continente.“Por isso, decidimos retirar os monstrinhos”, que são as embalagens infantis que identificam os produtos dirigidos ao público mais novo, “de todas as linhas que não sejam a Equilíbrio. Isso significa que todos os produtos que vendemos passam pelo crivo muito apertado da nossa equipa de nutricionistas, e que os pais podem estar descansados em relação à composição do que estão dar aos seus filhos”. “Até 2027 queremos alargar a gama Continente Equilíbrio em 50%, e aumentar para 70% a oferta de produtos que sejam convenientes”. Que é como quem diz, refeições prontas, ptodutos congelados que sejam de fácil confeção, opções on the go. O objetivo, reforça Tânia Lucas, é que as vendas desta gama superem os 100 milhões de euros até ao final de 2027.