O governo dos EUA anunciou a 26 de setembro a intenção de aplicar tarifas de 100% sobre medicamentos de marca importados, sem ainda fixar data de entrada em vigor. A medida está a provocar uma revisão acelerada de estratégias operacionais, comerciais e de investimento por parte de laboratórios e fornecedores.Um relatório da Crédito y Caución, divulgado esta quarta-feira, 19, alerta que a decisão penaliza empresas europeias, que enfrentam regulamentos mais rígidos e mecanismos de financiamento menos flexíveis, tornando‑as menos competitivas. Mesmo com capacidade produtiva consolidada e cadeias de fornecimento seguras, a União Europeia corre risco de perda de competitividade na inovação, sobretudo devido à maior lentidão nos ensaios clínicos, realça o documento.O impacto económico pode ser substancial: segundo o relatório, uma tarifa de 15% implicaria custos adicionais estimados em 18 mil milhões de euros. A incerteza sobre a aplicação e a dimensão das medidas já levou muitas empresas a congelar investimentos e projetos de I&D e a ponderar realocar fábricas para os EUA ou países asiáticos emergentes.O setor chinês de dispositivos médicos, fortemente dependente do mercado norte‑americano, surge entre os mais afetados, com mais de 300 empresas a transferir produção para países como o Vietname. Como o mercado dos EUA representa mais de metade da indústria farmacêutica global, as tarifas ameaçam não só margens e lucros, mas também a disponibilidade de medicamentos, a eficiência operacional e a cadeia de fornecedores contratados.A conclusão que se retira é que a imposição de tarifas elevadas aumenta de forma significativa o risco de crédito no setor farmacêutico a nível global e deve condicionar decisões de investimento e localização industrial nos próximos meses..Estudo alerta para impacto das tarifas dos EUA na indústria farmacêutica portuguesa