“Terramotos? Há pessoas que não estão cientes dos riscos que correm”, alerta responsável da Zurich Portugal

"Não é uma questão de se vamos ter um terramoto, é uma questão de quando". A seguradora já usa IA sob duas vertentes, de forma a melhorar os serviços e está a entrar na educação, através dos privados.
José Coutinho, Chief Underwriting Officer da Zurich Portugal e Dirk de Nil, líder da Zurich Resilience Solutions.
José Coutinho, Chief Underwriting Officer da Zurich Portugal e Dirk de Nil, líder da Zurich Resilience Solutions.Gerardo Santos
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Os especialistas em Portugal avisam há vários anos, mas pouca coisa muda. Um grande terramoto vai sentir-se em Portugal no futuro e as infraestruturas não estão preparadas para esse cenário.

"Não é uma questão de se vamos ter um terramoto, é quando vamos tê-lo", sublinha José Coutinho, chief Underwriting Officer da Zurich Portugal, em entrevista ao Diário de Notícias e Dinheiro Vivo. Só "metade" das famílias têm seguro na respetiva habitação e os números são ainda mais críticos no que respeita a sismos, já que só uma em cada cinco tem seguros contra os mesmos, alerta.

"Há pessoas que não estão cientes dos riscos que correm e não estão protegidas" para o risco de "perderem um dos seus bens mais valiosos" em poucos segundos.

A entrevista foi realizada antes da chegada da depressão Cláudia a Portugal, onde outros fenómenos naturais (cheias por todo o país e um tornado em Albufeira) levantaram o véu sobre riscos existentes para pessoas e empresas.

De acordo com José Coutinho, as cheias "estão a aumentar", pelo que a Zurich procura compreender tendências, em Portugal, na Europa e, de forma geral, em todo o mundo. Noutra vertente, os incêndios são também fator de preocupação. A área consumida pelas chamas e, novamente, o fator vulnerabilidade estão constantemente sob análise.

Fundada na Suíça, a Zurich conta com filiais espalhadas por todo o mundo, incluindo em Portugal. Desde a fundação, conta com mais de 150 anos de história (107 dos quais em solo português). Isto permite fazer um mapeamento de dados que conduzem a uma série de estudos e análises que ajudam a prestar melhores serviços ao cliente, de acordo com o responsável. Ora, é aqui que entra a Inteligência Artificial (IA).

IA ajuda a resumir relatórios

"Os dados são o combustível de uma companhia de seguros", assinala o responsável. Ora, com a IA que a Zurich tem à disposição, há "finalmente a capacidade de lidar com milhares de milhões de dados". Significa isto que já é possível "transformar estes dados para criarmos cenários", com o propósito de melhorar os serviços prestados.

Em "poucos segundos", a IA analisa dezenas de relatórios elaborados por engenheiros de risco e redigir um resumo, ao invés de "alguém ter de os ler", o que, no passado, podia demorar "semanas". Esta é um dos aspetos em que a empresa usa IA, mas há outro.

As tecnologias associadas à IA são já aproveitadas para fazer análises "no terreno". Para este propósito, a Zurich conta com o seu modelo de linguagem interno, o Zurich Chat, que vai encontrar situações de exposição ao risco, de forma a que estas sejam reduzidas ou eliminadas.

Em ambos os casos, a companhia faz uso da capacidade computacional já existente para gerir grandes volumes de informação e gerar 'feedback' de elevada precisão. À data, já é possível "identificar tendências de melhor forma do que fazíamos no passado", com o propósito de oferecer aos consumidores uma proteção a 360 graus.

Zurich Portugal está a entrar no setor da educação

Do turismo à restauração, a operação em território nacional marca presença em oito setores da economia. Por esta altura, está a entrar na educação, como explica José Coutinho.

Em causa estão escolas privadas que têm "várias necessidades" no que respeita a "riscos" e a Zurich procura ajudar, de forma a proteger alunos, funcionários e as próprias infraestruturas escolares.

Importância dos seguros e o caso de Madrid

Na entrevista esteve também presente Dirk de Nil, líder global da Zurich Resilience Solutions. A firma procura avaliar fatores de risco na vida das pesoas, das empresas e até de cidades, como é o caso de Madrid, em Espanha.

O responsável belga explica que, "por vezes, é muito importante pegar o cliente pela mão". Isto porque, em regra, as pessoas só vêem "o que têm à frente e não o que está ao virar da esquina", sublinha. A este respeito, introduz o exemplo do trabalho que da Zurich em Madrid, onde o objetivo passa por reduzir os problemas ligados à subida das temperaturas.

"Madrid abordou-nos", recorda. Dois meses mais tarde, "houve cheias" na capital espanhola. Um caso que demonstra, de acordo com o próprio, que "é preciso garantir que temos uma visão holística sobre o risco", ou seja, analisar e tirar conclusões "não apenas sobre o que aconteceu na semana passada, mas estar preparado para o que pode acontecer amanhã".

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