A plataforma Brighter Future da Fundação José Neves, que analisa a evolução da contratação, revela que quase quatro em cada dez portugueses têm contrato de trabalho temporário. A percentagem de trabalhadores com contrato a termo aumentou em Portugal. Em menos de dez anos a percentagem passou de 24% em 2010 para 36% em 2019, afirma a plataforma em comunicado.
Os jovens são os mais afetados pela contratação temporária, sendo que em 2019 cerca de 69,1% dos trabalhadores dos 15 aos 24 anos e 47,1% dos trabalhadores dos 25 aos 34 anos tinham um contrato a termo.
A análise utiliza dados dos "Quadros de Pessoal", um relatório anual entregue pelas empresas ao Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
A contratação temporária aumentou mais para os homens do que para as mulheres entre os anos 2010 e 2019. Em 2010 24% dos trabalhadores e trabalhadoras tinham um contrato a termo. A evolução até 2019 penalizou mais os homens. Nesse ano, 36,7% dos trabalhadores tinham um contrato a termo, em comparação com 34,3% das trabalhadoras.
O aumento da contratação a termo aconteceu em todas as faixas etárias. No entanto, entre os mais jovens (menos de 35 anos) foi onde existiu um aumento mais significativo. Entre 2010 e 2019, os trabalhadores entre os 15 e os 24 anos e os 25 e os 34 anos com contrato a termo aumentou em cerca de 17 pontos percentuais. Nesta faixa etária é onde existem maiores taxas de contratação temporária.
É possível verificar, a partir do estudo, que a proporção dos trabalhadores com ensino superior tem valores superiores nos contratos a termo, sendo que em 2019 foi de 27,5%, um valor 7,7 e 13,8 pontos percentuais abaixo dos trabalhadores com ensino básico (35,2%) e secundário (41,3%), respetivamente.