Eupago obtém licença do Banco de Espanha para vender soluções digitais de pagamento

A fintech, que nasceu no Porto, quer potenciar o e-commerce em Espanha, principalmente das pequenas e médias empresas. Até 2027, o objetivo é igualar o volume de transações que assegura em Portugal no mercado vizinho. E apoiar o comércio nacional além fronteiras.
José Veiga e Telmo Santos iniciaram o projeto Eupago em 2013, mas só em 2015 é que tiveram o aval para iniciar atividade. FOTO: André Rolo/Global Imagens
José Veiga e Telmo Santos iniciaram o projeto Eupago em 2013, mas só em 2015 é que tiveram o aval para iniciar atividade. FOTO: André Rolo/Global Imagens
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A Eupago, fintech portuguesa especializada em soluções digitais de pagamento, acaba de entrar oficialmente em Espanha, onde quer ser o parceiro de eleição das PME. O processo de autorização foi demorado, mas a tecnológica já tem licença do banco central espanhol para operar e, assim, apoiar o crescimento do e-commerce no país vizinho. As metas da empresa portuguesa são ambiciosas. “Daqui a dois anos, a sucursal vai processar o mesmo volume de transações que a Eupago faz hoje no mercado nacional”, afirma Telmo Santos, cofundador da Eupago. Nada mais nada menos do que mil milhões de euros de pagamentos digitais por ano. O objetivo é escalar com celeridade no setor para ocupar uma posição no top 3.     

A estratégia para atacar o mercado espanhol está definida há algum tempo e passo a passo foi sendo implementada. A primeira etapa foi trabalhar clientes espanhóis a partir do escritório-sede, no Porto. Em 2017, a Eupago começou a vender os seus serviços de pagamentos digitais a empresas de Espanha que pretendiam fazer negócios em Portugal. Mas a ambição era ter presença efetiva no país vizinho. Solicitaram licença para operar ao Banco de Espanha e, entretanto, abriram um escritório em Madrid. A autorização custou a sair, mas nada a que a fintech não estivesse habituada. Em Portugal, o banco central demorou quase dois anos a conceder a autorização. “É um negócio difícil, em todas as jurisdições demora um par de anos”, diz Telmo Santos. Agora, a fintech é supervisionada por dois bancos centrais.

Com 500 clientes espanhóis na carteira - a maioria na área do vestuário, lazer e eletrónica -, e o processo legal finalizado, a Eupago prepara-se para trabalhar o e-commerce das empresas espanholas no seu próprio território. O estudo de mercado está feito. Como diz Telmo Santos, “nos últimos anos percebemos que a necessidade que existia em Portugal há sete anos, existe em Espanha”. Os grandes players do setor estão focados em trabalhar as médias e grandes empresas e a Eupago vai concentrar a atenção nas pequenas e médias (as de menor dimensão), que têm necessidade de ter meios de pagamento e acompanhamento técnico que lhes facilitem o comércio eletrónico. A sucursal “dá-nos um grande poder junto do cliente”, frisa.

Quando a Eupago “deu o primeiro passo em Espanha era uma criança, hoje é uma adulta, uma empresa madura com capacidade para penetrar no mercado espanhol”, sublinha. “A Eupago já não é a de 2015 [ano em que entrou em operação] quando éramos dois. Agora, emprega quase 120 pessoas. Quando damos um passo já é mais pensado”, acrescenta. Para já, a empresa portuguesa tem uma equipa de três pessoas em Espanha. São dois espanhóis, que estão a ser liderados por João Bacalhau, o antigo CEO da Pagaqui, empresa adquirida no início deste ano pela Eupago.

Segundo Telmo Santos, a aposta em Espanha serve para “mostrar músculo, força e investimento” e “é tão vincada que foi escolhido um especialista” para liderar a sucursal. “O João Bacalhau tem um conhecimento alargado na área da gestão e dos pagamentos, é um jovem, muito inteligente e empenhado, com capacidade de fazer escalar” o negócio. A equipa é para crescer, estando prevista a contratação de mais três pessoas em 2025. A sede do Porto irá acompanhar todo o processo, com os departamentos de inovação, marketing, compliance, entre outros, a apoiar este passo na internacionalização da Eupago.

MB Way em força

Por cá, o negócio da Eupago continua em crescimento. O volume de pagamentos foi da ordem dos 900 milhões de euros em 2023 e este ano as projeções apontam para os mil milhões. Uma das mais recentes alterações neste mercado foi a substituição do pagamento com referências Multibanco pelo MB Way. “Nesta altura, 65% dos pagamentos de e-commerce são feitos via MB Way e há dois anos era o contrário. Nota-se claramente uma canibalização do MB Way”, revela Telmo Santos. Em Espanha, também a utilização do Bizum (solução idêntica ao MB Way) tem crescido exponencialmente, embora o método privilegiado dos consumidores espanhóis sejam os cartões bancários.  

Para as empresas, este instrumento de pagamento baseado em números de telemóvel tem um preço mais competitivo e pode gerar mais faturação, já que aumenta as compras por impulso, diz. A Eupago quer também aproveitar a entrada em Espanha e a experiência com o Bizum para facilitar o comércio eletrónico das empresas portuguesas com consumidores em Espanha. “É muito importante que os comerciantes portugueses alarguem horizontes e usem o Bizum e os outros meios de pagamento, como o Visa e o Mastercard, que os clientes espanhóis utilizam”, realça. Neste momento, a Eupago tem 22 mil contas ativas, que deverão gerar este ano um volume de negócios de 21 milhões de euros à tecnológica portuguesa. A Eupago é detida a 90% por José Veiga e a 10% por Telmo Santos.

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