As previsões dos analistas financeiros estão a confirmar-se. A taxa Euribor a seis meses regressou na segunda-feira a um patamar positivo, pela primeira vez desde novembro de 2015, ao fixar-se em 0,009%, mais 0,017 pontos percentuais do que na sexta-feira. Este é o indexante mais utilizado em Portugal nos créditos à habitação. Ou seja, os consumidores com crédito a taxa variável terão de se preparar para maiores despesas quando os contratos forem revistos..Quanto poderá subir a prestação da casa? De acordo com as últimas contas da Deco Proteste, partilhadas com o Dinheiro Vivo, assumindo um empréstimo de 150 mil euros com o prazo de 30 anos, um spread de 1% e com a Euribor a seis meses num cenário em que atinja 1%, as famílias podem ter de pagar mais 92,36 euros, para um total de 554,43 euros, face à prestação média atual de 462,07 euros, com taxa Euribor a seis meses em -0,3%..Nas mesmas circunstâncias (contrato de crédito de 150 mil euros a 30 anos e spread de 1%), mas com taxa Euribor a seis meses de 0%, a prestação pode encarecer 18,39 euros para 482,46 euros..Já um contrato de 200 mil euros a 30 anos, com um spread de 1% e o indexante a seis meses de 1%, a prestação da casa pode ascender a 739,24 euros, ou seja, mais 123,15 euros. Isto, assumindo que a prestação média atual é de 616,09 euros, com a Euribor a seis meses de -0,3%. Mas se o crédito à habitação firmado for de 200 euros a 30 anos com spread de 1% e taxa Euribor a seis meses de 0%, a prestação pode subir 27,19 euros, para 643,28 euros..Segundo os dados do Banco de Portugal, os contratos a taxa variável representavam 93,3% do número de contratos em carteira no final de 2020. Ora, 41,6% das famílias portuguesas têm créditos com a Euribor a seis meses. Já os contratos com indexante a três e 12 meses representavam 32,1% e 24,5%, respetivamente do universo total de créditos a habitação contratualizados com taxa variável, em Portugal..Antes da Euribor a seis meses regressar a patamares positivos já o indexante a 12 meses tinha voltado ao verde, em abril. Na segunda-feira, a Euribor a 12 meses também chegou a um novo máximo. No prazo de 12 meses, o indexante avançou para 0,521%, mais 0,035 pontos, um novo máximo desde julho de 2014..A próxima Euribor a voltar a ficar acima da linha de água será a taxa a três meses. Em maio, os analistas indicavam que esse regresso ocorrerá em agosto. O indexante a três meses, também na segunda-feira, fixou-se em -0,314%, mais 0,014 pontos do que na sessão anterior e um novo máximo desde junho de 2020..A taxa Euribor a três meses entrou em terreno negativo em 21 de abril de 2015, a de seis meses em 6 de novembro de 2015, e a de 12 meses em 5 de fevereiro de 2016. Seis anos volvidos, os portugueses enfrentam um cenário de subidas nas prestações do crédito da habitação já este ano..A causa? Várias, sendo a inflação a chave de ignição e a guerra na Ucrânia o principal acelerador. A Euribor, a todos os prazos, começou a subir em fevereiro, após o Banco Central Europeu (BCE) ter admitido que poderia subir as taxas de juro diretoras, em 2022, devido ao aumento da inflação na zona euro. A tendência foi reforçada com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro..A evolução das taxas de juro Euribor está diretamente relacionada com as subidas ou descidas das taxas de juro diretoras do BCE (que são cobradas aos bancos para lhes emprestar dinheiro). A revisão desta taxa influencia todos os contratos de crédito. As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.