A ex-ministra da Administração Pública, Alexandra Leitão, que saiu do elenco governativo neste novo Executivo socialista de maioria absoluta para deputada, revela, em entrevista ao Expresso, que, poderia ter aumentado mais os funcionários públicos: "No fim de 2019, no primeiro ano de excedente, ainda não havia pandemia, aumentámos 0,3% os salários. Acho que devíamos ter aumentado mais".
Questionada por que razão não subiu mais os salários, a também presidente da comissão parlamentar para a transparência afirmou que a responsabilidade das negociações com os sindicatos foi tanto sua como do Ministério das Finanças, na altura, tutelado por Mário Centeno: "[Os aumentos] foram negociados por mim e pelas Finanças. O que senti foi que não se fez com a expectativa de que, no ano seguinte [2020], ia ser 1%, mas depois veio a pandemia e o mundo virou. O foco deixou de ser a Administração Pública, quer na dimensão dos salários quer das carreiras, que é mais importante, o SIADAP [sistema de avaliação da Função Pública]. É injusto. Tentei modificá-lo e não consegui".
E deixa críticas aos obstáculos levantados pelas Finanças: "Não houve abertura do Ministério das Finanças para mexer no SIADAP. Não vale a pena dizer outra coisa. Tive muita gente a dizer-me que a Administração Pública saiu das Finanças, mas as Finanças não saíram da Administração Pública. E eu concordava. Há coisas que estão a acontecer, como o ingresso dos técnicos superiores, que estavam pensadas para entrarem em vigor a partir de 23, agora vão retroagir a 1 de janeiro de 2022. E bem! Há uma abertura que não houve noutros momentos. Muita dela tem a ver com áreas que eu tutelava".