Exportações da fileira de pinho caíram 8% e perderam 220 milhões de euros

Madeiras: A retração do consumo mundial teve efeitos em quase todos os subsetores, com exceção do mobiliário, que cresceu 1%. Centro Pinus aponta a resiliência perante reajuste do mercado.
A floresta de pinho representa 3,2% das exportações nacionais de bens e 38% das exportações da fileira florestal
A floresta de pinho representa 3,2% das exportações nacionais de bens e 38% das exportações da fileira florestalTony Dias / Global Imagens
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As exportações da fileira de pinho caíram 8% em 2023 para 2,5 mil milhões de euros. Representa uma perda de 220 milhões de euros, comparativamente ao ano anterior, mas constitui, mesmo assim, o segundo melhor ano de vendas ao exterior. O presidente do Centro Pinus fala num reajustamento do mercado, após o boom de consumo em 2022, no pós-pandemia e que se deverá manter em 2024. 

“Tudo o que se vende vai numa caixa ou numa palete. Estamos dependentes da atividade económica e do consumo de bens. Enquanto não elevarmos o número de transações não são necessárias mais embalagens”, diz João Gonçalves, lembrando que a quebra do investimento na construção, seja nova seja de reabilitação, também não ajudou.

Assim, em 2023, as exportações da fileira de pinho representaram 3,2% das exportações nacionais de bens - que caíram 1,1% para 77,6 mil milhões de euros - e 38% das exportações das indústrias da fileira florestal, que se ficaram pelos 6,4 mil milhões de euros, menos 11% do que em 2022.

Composta por quase 8400 empresas, responsáveis por mais de 58 mil empregos, a fileira de pinho registou um volume de negócios de 5,1 mil milhões de euros e um valor acrescentado bruto de 1,4 mil milhões de euros. Estes são números de 2022, já que ainda não existem os valores atualizados de 2023. 

Pellets, resinosos, painéis, papel e embalagem, madeira e mobiliário são os seis subsetores que formam esta fileira, tendo todos eles registado quebras nas vendas internacionais no ano passado, com exceção do mobiliário, que conseguiu aumentar as suas exportações em 1%, para 946 milhões de euros. O papel e embalagem foi o subsetor com maior quebra relativa, de 21% para 463 milhões exportados, seguindo-se os produtos resinosos, com quebra de 16% para 168 milhões de euros, e a indústria de painéis, que recuou 15%, para 287 milhões de euros.

O segmento dos pellets caiu 14% e exportou apenas 92 milhões de euros e o subsetor das madeiras recuou 3% para 511 milhões de euros. 

Em termos absolutos, o papel e embalagem exportou menos 121 milhões de euros, os painéis menos 50 milhões e os produtos resinosos perderam 32 milhões. As exportações de pellets foram inferiores em 15,5 milhões de euros do que em 2022 e as vendas de madeira ao exterior geraram menos 14 milhões de euros do que no ano anterior.

Já o mobiliário de pinho ganhou 12,3 milhões de euros a mais nos mercados internacionais. 

Para João Gonçalves, é a diversidade da fileira que lhe dá “uma capacidade de resiliência enorme”, na medida em que, “face ao que aconteceu em 2023, com a retração do consumo e na transação de bens”, uma quebra de 8% “não foi nada de especial”. A performance do mobiliário deve-se, acredita, ao facto de se tratar de um subsetor “que tem mais facilidade em exportar, apostando em mercados mais fortes, nomeadamente para países fora da União Europeia e que ainda conseguiram algum crescimento em 2023”. 

Quanto a 2024, o Centro Pinus não antecipa que haja uma grande inversão da tendência nos principais mercados. “A fileira resistiu bem a 2023, que foi um ano duro. Esperamos que, em 2024, a queda seja menor ou mesmo que estabilize”, frisa. 

Sobre desafios futuros, João Gonçalves aponta a necessidade de aproveitar bem a madeira existente e de haver incentivos fortes aos proprietários florestais de minifúndio para que invistam em nova floresta de pinho, com material vegetativo melhorado, de modo a aumentar a sua produtividade. E isso mesmo espera de um novo governo, qualquer que ele seja. 

“Precisamos que se mantenham as iniciativas atualmente em curso, em termos de investimento, e que sejam criadas novas oportunidades a nível dos apoios europeus para aumentar o nível de incentivos à floresta de pinho, tão essencial à economia portuguesa, em termos sociais e económicos”, refere o presidente do Centro Pinus. João Gonçalves não tem dúvidas: “A fileira do pinho tem um enorme potencial, mas necessita de um apoio dirigido e adequado a nível florestal”. 

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