Exportações de calçado caíram 8,2% para 1839 milhões de euros

Portugal teve um "mau desempenho relativo" quando comparado com as quebras, a dois dígitos, dos cinco principais produtores mundiais de calçado. Preço médio por par exportado cresceu 3,45% para 27,70 euros
Exportações de calçado caíram 8,2% para 1839 milhões de euros
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O arrefecimento da economia europeia e norte-americana teve duras consequências para as empresas portuguesas de calçado. Depois de um “ano extraordinário” em 2022, em que bateram o recorde de exportações e ultrapassaram a fasquia dos dois mil milhões de euros, o ano de 2023 fica marcado pela quebra das vendas ao exterior em quantidade e em valor.

No total, as empresas portuguesas exportaram 66 milhões de pares no valor de 1839 milhões de euros, o que corresponde a menos 11,3% e 8,2%, respetivamente. Já o preço médio por par exportado cresceu 3,45% para 27,70 euros, abaixo da inflação e do aumento dos custos de produção.

“O abrandamento económico internacional, em particular em mercados de grande relevância como a Alemanha, França e Estados Unidos, penalizou fortemente o setor do calçado no plano externo”, reconhece o diretor de comunicação da APICCAPS. Paulo Gonçalves fala num “problema de mercado” onde a “fraca procura e o excesso de stocks no retalho condicionou a atividade exportadora portuguesa”. 

Os dados do Estados Unidos mostram que, no total do ano, esse mercado importou menos 30% de calçado do que em 2022 e, no caso da Europa, os dados a outubro apontam para um recuo de 11%. Paulo Gonçalves esmiúça um pouco mais os números e destaca as quebras de 16% na Alemanha, de 13% no Reino Unido e de 11% em França.  

Abrandamento geral

Portugal exportou, no total, menos 165 milhões de euros do que em 2022, sendo que só os Países Baixos, que ocupam a terceira posição no top 3 de destinos, geraram menos 40,9 milhões do que no ano anterior. A Alemanha, o principal mercado externo dos sapatos portugueses, comprou menos 24,1 milhões de euros e a Dinamarca caiu dos quase 100 milhões para pouco mais de 71 milhões de euros, perdendo 28,4 milhões de euros. Estes três países juntos foram responsáveis por mais de 56% das perdas da indústria portuguesa em 2023, mas os Estados Unidos compraram menos 12,8 milhões de euros e o Reino Unido menos 11,7 milhões. França e Espanha, mercados igualmente importantes, perderam 2,9 milhões de 6,9 milhões de euros, respetivamente.

A associação garante, no entanto, que a situação não é exclusiva de Portugal. Pelo contrário, os cinco principais produtores mundiais de calçado terminaram o ano “altamente penalizados” pelo abrandamento económico, com quebras todos a dois dígitos: a China exportou menos 13% em 2023, Índia e Vietname caíram 17% e a Indonésia 19% , entre janeiro e novembro. Os dados do Brasil são também do ano todo e a perda foi de 11%. Portugal caiu 8,2%.

Paulo Gonçalves fala num “mau desempenho relativo”, mas admite que é preocupante. “Percebemos que muitas das respostas não dependem de nós. Estamos, mais do que nunca, dependentes da evolução dos mercados e, desse ponto de vista, a boa notícia é que o ano de 2023 já passou e as previsões económicas para os nossos principais mercados, em 2024, são relativamente melhores”, frisa.

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