"Olhando para o fenómeno imobiliário, enquadrado na atual circunstância do país e do mundo, entendemos que é essencial debater a habitação do futuro. Não temos interesse em falar do passado, isso não resolve nada, mas sim do que podemos esperar do futuro", refere José Almeida Guerra, presidente do conselho de administração da Rockbuilding, relativamente à necessidade urgente de debater a questão da habitação.
Subordinado ao tema "Desafios da Habitação em Portugal", o debate, moderado pela diretora do Dinheiro Vivo, Joana Petiz, contará com a intervenção de José Almeida Guerra e de dois oradores convidados, com reconhecimento no setor do imobiliário e construção, Fernando Santo, Presidente do Conselho Português da Construção e do Imobiliário da CIP e João Freitas Fernandes, sócio-gerente da FCC - Gestão de Projetos Imobiliários. Fernando Santo, engenheiro civil de formação foi Bastonário da Ordem dos Engenheiros entre 2004 e 2010, Secretário de Estado da Administração Patrimonial e Equipamentos, do Ministério da Justiça, administrador da EPUL e do Banco Montepio, entre outros cargos.
João Freitas Fernandes, engenheiro civil, além de fundador da FCC, passou pelo Grupo SIL e é docente convidado do ISEG. Já José Almeida Guerra, licenciado em Organização e Gestão de Empresas, pelo ISCTE, conta com 45 anos de experiência no ramo da Construção e Imobiliário. A empresa Rockbuilding, a que preside, centra a sua atividade sobretudo na gestão integrada de projetos, no sentido de maximizar o património dos clientes através de uma gestão sólida e rigorosa do ponto de vista técnico, comercial, financeiro e administrativo.
Em mesa redonda, os três especialistas discutirão a situação problemática que se vive neste setor, nomeadamente a falta de habitação de gamas mais baixas e as medidas urgentes para fazer face a esse enorme desafio que, segundo José Almeida Guerra, ninguém parece estar a dar a devida atenção. O enquadramento histórico e as políticas de habitação que têm vindo a seguir seguidas terão também aqui o seu espaço de debate, sendo que as sugestões de melhoria serão também um dos pontos quentes do evento.
"Temos um problema complicado de habitação em Portugal, que extravasa o setor privado e o setor publico, e que é um problema de todos que não pode ser resolvido apenas pelo setor privado nem só pelo público. E tem de ser resolvido já, porque é urgente", refere José Almeida Guerra. O responsável afirma ainda que "as soluções de habitação que até se desenvolveram bem após o 25 de Abril, pararam a partir de 2010". Ou seja, há uma degradação a partir de 2010, e tem havido menos construção, seja para arrendamento seja para venda, dirigida às classes média e média baixa. Há falta de oferta de habitação para estas camadas e este problema não está a ser abordado como devia. Este tipo de oferta não está a ser desenvolvida porque, além do elevado preço dos terrenos, o Estado e as autarquias se demitiram da sua função urbanizadora e isso acabou por limitar a oferta.
"Não entendemos como é que os governos, que têm consciência deste problema, não agarram nos grandes financiadores internacionais, que sabemos estar disponíveis para financiar estes projetos", desabafa o líder da Rockbuilding. Para este especialista, em Portugal, perde-se muito tempo a discutir as questões, mas, quem deve avançar, não avança. "Por isso, a nossa ideia é contribuir com algumas sugestões práticas daquilo que entendemos ser urgente, como ter, por exemplo, um Ministério da Habitação com competências para tratar de tudo o que envolve esta temática, sem depender de outros ministérios, como o das Finanças, para que tudo seja mais eficiente", explica.
Adianta ainda que outras das urgências é ter pessoas competentes e experientes à frente das decisões na área da habitação. "Competentes na área técnica, financeira e social, porque isto é um problema social", acrescenta o especialista. Diz ainda que a única solução que antevê é haver uma política nacional dirigida para esta matéria.
Todas estas questões serão debatidas na mesa redonda a transmitir no dia 9 de junho, às 16.00, em www.dinheirovivo.pt.