Farfetch, uma marca global com o coração em Portugal

Empresa que detém plataforma para retalho de luxo registou lucros depois de impostos até março. Mantém ambição de resultado operacional positivo em 2021.
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Mais receita, mais clientes, lucros depois de impostos, mas um EBITDA ainda negativo. A Farfetch, empresa fundada por José Neves e que tem uma plataforma tecnológica para o retalho de luxo, revelou no final desta semana que atingiu lucros depois de impostos de 516,6 milhões de dólares (427,6 milhões de euros), valor que contrasta com as perdas de 79,1 milhões de dólares registadas no período homólogo de 2020. Os lucros após impostos incluem "um benefício non-cash de 660 milhões de dólares resultante do menor impacto do preço das ações sobre os itens mantidos pelo valor justo e redimensionamento".

Até março, a plataforma de moda de luxo obteve receitas de 485 milhões de dólares, o que representa uma subida de 46% face ao mesmo período do ano passado. O EBITDA ajustado melhorou para 19 milhões de dólares negativos no primeiro trimestre do ano, quando estava nos 22 milhões negativos no primeiro trimestre do ano passado.

"Tivemos resultados muito bons. Um crescimento que já vinha a ser muito forte em 2020 e que acelerou. Este crescimento acabou por exceder as nossas expectativas", classifica Luís Teixeira, responsável global pelas operações (COO). "Mantemos o compromisso de resultado operacional positivo para o ano inteiro. Continuamos a ser um parceiro estratégico para 1350 marcas e retalhistas no mundo do luxo e em termos de consumidores finais, adquirimos no primeiro trimestre 480 mil clientes novos", acrescenta.

Com a pandemia a dar um empurrão no comércio online, a marca quer continuar a apostar também nestas parcerias. "A Farfetch enquanto plataforma é um facilitador e vivemos um momento no comércio mundial - não só no luxo, mas também - em que o online não só acelerou no ano passado como os indicadores dizem que veio para ficar. Estas marcas e lojas precisam cada vez mais de ter acesso a este mercado global e digital. Nós, enquanto facilitador, somos o parceiro estratégico de eleição para isso", explica.

200 vagas em aberto
A Farfetch - que em Portugal tem escritórios em Lisboa, Porto, Braga e Guimarães - conta com uma equipa de cerca de 3000 pessoas. Luís Teixeira não esconde que o objetivo é continuar a aumentar a equipa e que em Portugal está uma parte relevante da atividade.

"A única coisa que tenho a certeza é que, neste momento, somos cerca de 3000 e temos 200 vagas em aberto e vamos continuar a criar emprego altamente qualificado em Portugal, caso assim consigamos atrair esse talento", diz. "Mais do que o número de pessoas, importa referir que em Portugal - e se pensarmos na forma como a empresa está organizada - é onde temos o core da plataforma. O centro de conhecimento está cá. Somos uma empresa global e a nossa estratégia, a receita do nosso sucesso principalmente no luxo, passa sempre por nós estarmos muito próximos do cliente. Portugal é muito importante enquanto um centro de conhecimentos, se calhar o coração de duas áreas, tecnologia e operações", acrescenta.

Por isso, não tem dúvidas que Portugal "tem uma importância vital naquilo que é o presente e futuro da empresa".

A ambição de continuar a crescer está presente na empresa e será algo que deverá acontecer sobretudo em termos orgânicos. Luís Teixeira diz que "organicamente ainda há uma grande margem para crescer", embora admita que, se surgirem oportunidades, podem ser consideradas mas, "de momento, não estão previstas". "Estamos muito focados no curto prazo."

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