
O intervalo da taxa de juro do banco central dos Estados Unidos (Fed - Reserva Federal), ficou inalterado em 5,25%-5,5%, sendo que a instituição presidida por Jerome Powell disse não estar ainda confiante num alívio persistente e duradouro da inflação, tal como sublinhou o banqueiro central, esta quarta-feira, na conferência de imprensa que se seguiu aos dois dias de reunião do comité de política monetária da Fed.
Em todo o caso, Powell evitou alterar o quadro narrativo dos últimos meses (de que poderá descer taxas de juro várias vezes até ao final deste ano). Por exemplo, nesta reunião, a Fed manteve a sua projeção mediana para as taxas de juro no final de 2024 num ponto intermédio entre os 4,5% e os 4,75%.
Ou seja, segundo a esmagadora maioria dos analistas de mercados, isto significa que a Fed continua a esperar poder cortar juros num equivalente a 0,75 pontos percentuais (p.p.) até dezembro de 2024, eventualmente através de três descidas de 0,25 p.p. cada. Quando? Isso ainda não é muito claro.
Sobre o passado recente, a Fed regista que "os indicadores recentes sugerem que a atividade económica tem vindo a expandir-se a um ritmo sólido", com "a criação de emprego a manter-se forte e a taxa de desemprego a manter-se baixa".
No entanto, embora a Fed sinalize que a "inflação abrandou no último ano", esta "mantém-se elevada", o que no fundo, é o principal argumento para ter mantido o aperto máximo nos juros, o mais duro dos últimos 20 anos.
Segundo Powell, "o Comité procura atingir o máximo de emprego e uma taxa de inflação de 2% a longo prazo", sendo que "os riscos para a consecução dos objectivos em matéria de emprego e inflação estão a tornar-se mais equilibrados".
Problema: "as perspetivas económicas são incertas e o Comité [conselho de governadores da Fed] continua muito atento aos riscos de inflação".
Assim, a taxa da Reserva Federal, que é definida num intervalo de valores, ficou na mesma, no referido máximo de 20 anos, valor onde estacionou em julho de 2023. Os EUA tiveram num longo regime de juros mínimos, quase zero, durante anos a fio (tal como a Zona Euro), período que terminou em março de 2022, quando Jerome Powell anunciou a primeira subida deste novo ciclo de aperto monetário contra a crise inflacionista.
Tal como o BCE, a Fed tem dado sinais de que pode começar a descer juros este ano, mas quer "ganhar mais confiança" na descida da inflação ao longo dos próximos meses. Só com mais informação e convicção é que a Fed diz que começará a descer taxas.
"Para apoiar os seus objetivos, o Comité da Fed decidiu manter o intervalo de variação da taxa dos fundos federais em 5,25% a 5,5%".
Quando vier a "considerar quaisquer ajustamentos no intervalo do objetivo para esta taxa dos fundos federais, o Comité avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspetivas e o equilíbrio dos riscos".
Seja como for, "o Comité não espera que seja apropriado reduzir o intervalo do objetivo até que tenha adquirido maior confiança de que a inflação está a evoluir de forma sustentável para 2%", diz a mesma fonte.
(Em atualização)