Fed prepara-se para declarar guerra à inflação com nova subida dos juros

Antecipando o simpósio de Jackson Hole que começa esta quarta-feira, dia 25, e termina no sábado, dia 27, Franck Dixmier, diretor global de investimentos em obrigações da Allianz Global Investors, adianta que o encontro anual de banqueiros "será uma oportunidade para Jerome Powell [presidente da Fed] redefinir as expectativas do mercado e reafirmar a sua prioridade máxima no combate à inflação".
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O simpósio de Jackson Hole, o encontro global anual de banqueiros centrais, que arranca esta quarta-feira e termina no sábado, vai ser a oportunidade para o presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), Jerome Powell, falar pela primeira vez desde a última reunião da Fed, no final de julho, altura em que banco central decidiu subir as taxas de juro em 75 pontos base em vez dos esperados 50 pontos.

Desde então, os mercados acreditam que a Fed está próxima do seu pico de subida das taxas de juro e esperam subidas entre os 50 e os 75 pontos em setembro, seguidas de 50 ponto em novembro e 25 pontos em dezembro.

Para o diretor global de investimentos em obrigações da Allianz Global Investors (AllianzGI), Franck Dixmier, este aumento dos juros não deverá ser suficiente. Por isso, e em antecipação ao encontro anual de banqueiros, Dixmier considera que este simpósio "será uma oportunidade para Jerome Powell redefinir as expectativas do mercado e reafirmar a sua prioridade máxima no combate à inflação".

"Perante uma inflação muito elevada, que continua difícil de prever no curto prazo, espera-se que a Fed reitere a sua prioridade absoluta de combater a subida dos preços e o seu desejo de continuar a apertar a sua política monetária", segundo a análise de Dixmier.

"A inflação desacelerou, mas continua muito alta e difícil de prever", sublinha o diretor de investimentos em obrigações da AllianzGI. Em julho, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) atingiu os 8,5%, depois de ter atingido 9,1% no mês anterior, o nível mais alto em mais de 40 anos. A meta da Fed é conseguir baixar a inflação para os 2%.

Franck Dixmier acredita que a mensagem de Powell, no Jackson Hole, "será clara e firme". "Este discurso deverá levar a um reajuste das expectativas de alta de juros em 2022 e 2023 e alimentar a pressão sobre os juros da dívida norte-americana", antevê o analista, concluindo que "esta mensagem agressiva da Fed não deve favorecer ativos arriscados, crédito e ações, sendo esperada volatilidade nos mercados".

Jerome Powell discursa na sexta-feira, dia 26. A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, não estará nos Estados Unidos, mas Isabel Schnabel, um dos membros da comissão executiva da instituição, participará num painel no sábado. O governador do Banco de França, François Villeroy de Galhau, terá uma intervenção no mesmo dia. Andrew Bailey, governador do Banco de Inglaterra, confirmou que estará em Jackson Hole, mas apenas para assistir aos debates, sem participar.

A Fed já subiu as taxas de juro quatro vezes desde março, começando por um aumento de 25 pontos base para depois intensificar o ritmo, tendo aprovado dois aumentos consecutivos de 75 pontos base nas últimas reuniões.

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