"O resultado da eleição geral de Portugal apoia a nossa visão de que uma alteração da maioria das políticas é improvável mas uma instabilidade política poderia reduzir a consolidação orçamental e a implementação de reformas", alerta a Fitch Ratings numa nota divulgada esta terça-feira.
A agência salienta que os partidos de centro-direita e de centro-esquerda em que a maioria da população votou estão comprometidos com a prudência fiscal, não devendo haver grandes mudanças fiscais e na política macroeconómica. No entanto, alerta que a consolidação orçamental desacelerou este ano, e que o défice estrutural orçamental deverá aumentar.
"Os desafios fiscais a médio prazo incluem fazer uma cobrança de impostos mais eficiente e a reforma do sistema para financiar a reversão gradual planeada de alguns cortes na despesa", afirma a Fitch, que considera que o Orçamento para 2016 e o fim de algumas receitas no final do ano pode apontar para novas medidas fiscais face a "alguma fadiga de consolidação".
A agência considera também que a formação de um governo minoritário aumenta o risco de que a consolidação orçamental e reformas estruturais sejam bloqueadas devido a desacordo político.
"Um governo mais fraco, consciente da possibilidade de eleições antecipadas, pode ser cauteloso na implementação de reformas difíceis ou impopulares que dariam investimento e um impulso adicional ao crescimento", frisa a Fitch que subiu em setembro o rating de Portugal para BB+, apenas a um degrau de sair de "lixo", considerando o "reequilíbrio gradual da economia" portuguesa.