Forest. Em nome do magnata, do diretor e do Espírito Santo

Clube de milionário grego sobe para terceiro na Premier League pelas mãos de treinador português e ainda desvia dirigente fundamental do Arsenal.
Jota Silva, jogador português do Nottingham Forest. Foto: Justin Tallis/AFP
Jota Silva, jogador português do Nottingham Forest. Foto: Justin Tallis/AFP
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É o clube da semana, dentro e fora do campo, com a licença do Manchester United, que trocou Erik Ten Hag por Rúben Amorim, ex-Sporting. Na Premier League, onde era suposto, segundo os especialistas, ficar em 17º da tabela, subiu ao terceiro lugar, intrometido entre os gigantes Liverpool e Manchester City, à frente, e Arsenal e Chelsea, atrás, e com sete pontos de avanço sobre o citado United. E fora do relvado vai anunciar a contratação do ex-diretor desportivo responsável pelo regresso do Arsenal à luta por títulos. 
Mas afinal que estranho clube é este, mais vezes campeão europeu (duas, em 1978/79 e 1979/90) do que inglês (uma, em 1977/78)?

O Nottingham Forest, fundado em 1865 por um grupo de jogadores de shinty, um desporto típico da vizinha Escócia, que preferiu passar para o futebol, está a viver uma fase de proporções bíblicas liderado pelo milionário grego do ramo da indústria naval, dos media e do desporto, cujo nome de batismo, por acaso, é Evangelos, mais ou menos sinónimo de bíblico, e o apelido é Marinakis, mais ou menos sinónimo de riqueza e de controvérsias no país natal.

Para novo diretor desportivo do grupo que inclui, além do Forest, o crónico campeão helénico Olympiakos, de Pireu, o português Rio Ave, da pequenina Vila do Conde, e deve acrescentar em breve o gigante brasileiro Vasco da Gama, o tycoon desviou na última semana, num movimento que apanhou de surpresa o mercado da bola, um diretor desportivo com nome de Rei Mago, o elogiado Edu Gaspar, do Arsenal para as East Midlands.
Gaspar, primeiro a ocupar aquele cargo na história dos gunners e responsável pela contratação do treinador Mikel Arteta, que de 56 pontos em 2019, ano da chegada de ambos ao clube, passou para 89, no final da época passada, levou para Londres jovens, como o sólido Declan Rice, por 116 milhões de euros, hoje trave mestra da equipa.

“Saio com muita alegria de ter trabalhado com um grupo extraordinário de pessoas mas com muita tristeza também”, disse o brasileiro, ex-jogador de Arsenal, Valencia, Corinthians e outros, antes de rumar ao grupo de Marinakis, para ganhar, segundo o The Guardian, três vezes mais.
E no banco muita fé em Nuno Espírito Santo (NES), o último da santíssima trindade que pode levar o Forest a voos cada vez mais altos. Com o português, de 51 anos, a equipa está no citado terceiro lugar, fruto de cinco vitórias, quatro empates e uma derrota.

O calendário inicial supostamente favorável não explica quase nada do sucesso de NES, porque pelo meio o Forest bateu o líder Liverpool em Anfield, a única derrota dos Reds. O que explica quase tudo do sucesso de NES é a defesa, graças à contratação do sérvio Milenkovic à Fiorentina por 15 milhões de euros, novo parceiro do brasileiro Murillo, em subida a pique na cotação internacional.

Com os dois centrais, que cobrem o elogiado guarda-redes belga Mats Sels, o clube que mais sofreu golos de bola parada na Premier League 2023/24 - 22 - agora é uma fortaleza - nas cinco principais ligas só Leipzig e Liverpool sofreram menos golos do que os sete do Forest. 
No ataque, o inglês Elliott Anderson, contratado ao Newcastle por 40 milhões, é um dos principais municiadores do neo-zelandês Chris Wood, que, com oito golos, é vice líder dos marcadores da Premier League, atrás apenas do viking norueguês Erling Haaland, do City. 

Se o Forest vai continuar nesta senda vitoriosa? Ninguém sabe. Mas até lá os adeptos benzem-se em nome de Marinakis, Gaspar e Nuno Espírito Santo.

17.º

Posição que os especialistas atribuiam ao Nottingham Forest no início do ano. Está em 3.º.

 56

Número de pontos obtidos pelo Arsenal no ano de chegada, 2019, do diretor Edu Gaspar. Na última época os gunners somaram 89.

428

Valor, em milhões de euros, do plantel nas mãos de Nuno Espírito Santo, apenas o 12º mais valioso da Premier League. 

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