A subida dos impostos sobre o tabaco está a mudar os hábitos de muitos fumadores e a fazer mossa no consumo dos produtos mais populares. Até novembro, as vendas de cigarros recuaram 3,26% e os tabacos de enrolar e para cachimbo caíram 49% e 99,79%, respetivamente. Apenas as cigarrilhas estão em alta porque, por comparação, o seu preço se mantém mais acessível..Veja também: Quanto pesam os impostos sobre o tabaco de enrolar em 15 países europeus.Dos cigarros para o tabaco de enrolar e deste para as cigarrilhas, ou melhor, para as chamadas little cigars - "castanhas" como as "tradicionais" mas de tamanho e com uma embalagem semelhante à dos cigarros. Este percurso ilustra as alterações nas preferências de muitos fumadores nos últimos anos, sendo definido pelo ritmo fiscal que os sucessivos Orçamentos do Estado têm imprimido aos produtos sujeitos a Imposto sobre o Tabaco..Depois de várias subidas no elemento específico e na taxa que incide sobre os cigarros, as atenções fiscais viraram-se para o tabaco de corte fino (enrolar), onde muitos fumadores se tinham "refugiado". Mas um elemento específico de 20% e a criação de um imposto mínimo sobre este tipo de tabaco fez a procura cair a pique e explica que entre janeiro e novembro de 2012 se tenham consumido mais de 842 milhões de quilos, enquanto este ano as colocações no mercado não vão além dos 429 milhões..Em declarações ao Dinheiro Vivo, fonte ligada ao sector não tem dúvidas de que parte desta descida se deve ao facto de muitos se terem mudado para produtos mais baratos, como as referidas little cigars. "Há uma clara tendência dos consumidores para se colarem ao tabaco mais barato. Há dois anos mudou-se para o de enrolar, depois para estas little cigars", refere, mas não para as cigarrilhas tradicionais porque essas também têm reduzido. .Taxado da mesma forma que o tabaco de enrolar, o de cachimbo registou também uma acentuada descida, com o consumo a recuar de 324,68 milhões de gramas para 668 mil, naquele período. E nos cigarros - o produto mais popular e responsável pela maior fatia da receita do IT - as quedas acumulam já vários anos, registando-se este ano um novo recuo de 3,26% (ou de menos cerca de 300 milhões de cigarros) face a 2012..Para 2014, as perspetivas não são mais animadoras. Nas cigarrilhas e charutos, a taxa ad valorem subirá de 20% para 25%, mas as little cigars deverão continuar a vender, ainda que, sublinha a mesma fonte, não se traduzam em grande receita para o Estado. Do lado dos cigarros está prevista uma descida da taxa ad valorem (de 20% para 17%) e uma subida do "elemento específico". Combinados, estes dois movimentos irão traduzir-se numa subida entre 5 e 10 cêntimos do preço das marcas mais baratas. .Perante este valor, Sérgio Brigas Afonso, fiscalista da RFF, admite que o novo preço não afaste os consumidores e possa até registar-se um aumento de receita. O governo, pelo menos, conta com isso e espera arrecadar mais 124 milhões de euros com o IT do que este ano. Para já, em 2013, a receita está 0,2% abaixo da de 2012.