A secretária de Estado da Administração Pública, Inês Ramires, recebe esta quarta-feira as estruturas sindicais para reuniões suplementares pedidas pelos sindicatos para voltarem a discutir os salários de entrada nas carreiras de assistente técnico e de técnico superior..A Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap) e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), que pediram as rondas suplementares, esperam que o Governo melhore a proposta apresentada nas reuniões anteriores, defendendo que o documento agrava "injustiças" salariais entre os trabalhadores..A proposta do Governo prevê um aumento de 52 euros no salário de entrada dos técnicos superiores, para 1.059,59 euros (estagiários) e 1.268,04 euros (licenciados) e de 47,55 euros na carreira de assistente técnico para 757,01 euros, bem como uma valorização em cerca de 400 euros para os doutorados, para 1.632,82 euros..As valorizações propostas para os técnicos superiores e para doutorados só deverão entrar em vigor em janeiro de 2023, enquanto as valorizações dos assistentes técnicos serão aplicadas ainda este ano com retroativos a janeiro, de acordo com a proposta do Governo..Na reunião de hoje, que decorrerá na Presidência do Conselho de Ministros, em Lisboa, a Fesap voltará a alertar também para a retenção na fonte do IRS poder vir a "absorver os aumentos" previstos na proposta do Governo, disse o líder da Fesap, José Abraão, à Lusa.."A secretária de Estado disse na última reunião que ia haver novas tabelas de IRS, mas queremos ver se não se trata de um embuste para aumentar a receita fiscal", afirmou Abraão..A presidente do STE, Helena Rodrigues, disse que na ronda suplementar com o Governo o sindicato vai insistir na revisão das carreiras e defendeu que "não podem ser apenas os primeiros escalões a terem revisões em termos remuneratórios"..O STE defende ainda que a nova posição de entrada na carreira técnica superior deve também entrar em vigor este ano e retroagir a janeiro e não só em 2023, como propõe o Governo..Apesar de não ter pedido reunião suplementar, a Frente Comum de Sindicatos também foi convocada para uma ronda suplementar e estará presente no encontro, disse o líder da estrutura sindical, Sebastião Santana.."Vamos insistir na necessidade de aumentos salariais para todos os trabalhadores porque consideramos que há condições para a proposta do Governo ser alterada, numa altura em que a inflação continua a aumentar", afirmou o dirigente da Frente Comum..Na última ronda negocial, a secretária de Estado da Administração Pública garantiu que estava a ser acautelado que, do ponto de vista das tabelas de retenção de IRS, "nenhum trabalhador" público fique a receber menos com a valorização salarial.."Estamos articulados com o Ministério das Finanças para que, do ponto de vista das tabelas de retenção [de IRS], fique acautelado que nenhum trabalhador fique a receber menos", afirmou Inês Ramires aos jornalistas, no final da segunda ronda negocial com os sindicatos.."O nosso compromisso é que esta medida não vai trazer, em termos de retenção, problemas a estes trabalhadores", acrescentou a secretária de Estado, detalhando que, segundo um estudo do Governo, só em dois escalões de retenção é que a valorização salarial representa, na prática, em termos líquidos, menos dinheiro ao final do mês..Relativamente ao pedido do STE para negociação suplementar, para que a valorização salarial dos técnicos superiores tenha efeitos retroativos a janeiro de 2022, Inês Ramires disse na altura que as propostas do Governo foram feitas "no âmbito do que considera ser a sua margem".