A mais recente enchente de notícias e anúncios sobre as novas variantes de Inteligência Artificial (IA) generativa trouxe uma tempestade de exageros e medo sobre o tema. O ChatGPT da OpenAI já parecia estar a inserir-se na sociedade, mas, agora, com a apresentação de uma nova versão, o GPT-4, assistimos a um salto em direção à democratização da IA: com a geração de texto suficiente para escrever um livro, codificação em todas as linguagens de programação e, mais impressionante ainda, a descodificação de imagens..Primeiro, sentimos o "susto". Pairavam no ar opiniões que estas novas ferramentas (LLMS) poderiam vir a substituir as mais diversas profissões do dia para a noite. Mas calma, ainda não é desta que os robôs vêm substituir o trabalho humano por completo. No entanto, modelos de linguagem, como o ChatGPT, podem, efetivamente, funcionar como um acelerador, - que opera a elevada velocidade e a grande escala - podendo tornar-se numa ajuda imprescindível no mercado de trabalho e na sociedade. Isto é, quanto mais os usamos e os alimentamos com dados e perguntas, mais rápido eles "aprendem" a prever resultados. Atualmente, inclusive, já existem startups que afirmam usar estas ferramentas para criar novos produtos que podem revolucionar a sociedade, desde a administração legal até à negociação de ações, jogos e diagnósticos médicos. Mas a verdade é que existem, ainda, alguns curiosos que experimentam o ChatGTP para os ajudar com questões como escrever poemas ou simplesmente para testarem um sistema até ao erro..Atualmente, sentimos com estas novas plataformas uma democratização do acesso à Inteligência Artificial transversal a toda a sociedade. Se até há pouco tempo a implementação e a execução de sistemas de IA estavam apenas ao alcance de alguns, o seu acesso está agora à distância de um clique para registo numa plataforma, seja para a vida pessoal ou laboral. Consciente da importância de tomar a dianteira desta tendência crescente, outras empresas, como é o caso da Google, aceleram-se, também, a marcar a sua presença, estando já a preparar o lançamento de plataformas concorrentes ao ChatGPT..Contudo, estas plataformas gratuitas não estão livres de perigos, podendo ser ferramentas que apoiam na criação de e-mails de phishing mais convincentes e na escrita de malwares mais avançados. Não é de admirar que algumas instituições financeiras sejam resistentes à experimentação desta tecnologia, por enquanto. Para setores em que a confidencialidade é fundamental, é crucial promover uma experiência centrada no cliente com base na transparência e na confiança. Em setores como o da banca é essencial apostar em fornecedores de tecnologia 100% fiáveis, que ofereçam soluções tecnológicas que protejam os seus clientes destas ameaças..Acredito que ainda é cedo para dar demasiado crédito a estas novas plataformas, pois as mesmas ainda precisam de evoluir, para começarem a ocupar um espaço importante na nossa sociedade. Contudo, perante estas novas tecnologias é importante que se abra um debate sobre o impacto ético, económico, político e social de todas as formas de IA e que os desenvolvedores de software estejam preparados para os novos perigos de cibersegurança que as mesmas possam vir a trazer..Paulo Noormahomed, membro da Management Team e head of Innovation da ITSector