Incêndios e seca vão agravar inflação e aumentar despesa do Estado

A agência de notação financeira Moody's alerta para o impacto no rating de países como Portugal.
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A agência de notação financeira Moody's alertou esta terça-feira para o impacto dos incêndios florestais e da seca no rating de países como Portugal, nomeadamente por contribuírem para o aumento da inflação e da despesa do Estado.

"Nas últimas semanas, as temperaturas recorde e a seca na Europa levaram a incêndios florestais em França (Aa2 estável), Espanha (Baa1 estável), Portugal (Baa2 estável), Itália (Baa3 estável) e Grécia (Ba3 estável). A Península Ibérica foi a mais atingida, com cerca de 180 mil hectares de terras carbonizadas pelos incêndios florestais em Espanha e Portugal desde 16 julho", apontou, em comunicado, a Moody's.

A seca está a levar à falta de água, sobretudo, no Sul da Europa e, de acordo com a Comissão Europeia, cerca de metade do território da União Europeia (UE) está em risco de seca. Destaca-se ainda Itália, que regista a pior seca dos últimos 70 anos.

Conforme apontou a Moody's, no curto prazo, estas condições vão "enfraquecer a produção" e, consequentemente, "pressionar ainda mais os preços dos alimentos".

A esta crise inflacionista e alimentar soma-se uma outra de cariz energético, que foi desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

"Os preços mais altos da energia e dos alimentos vão exercer uma maior pressão sobre a inflação e corroer os gastos discricionários, o que, por sua vez, irá desacelerar o crescimento económico", vincou a agência.

Os governos terão de lidar com gastos adicionais ligados à extinção dos incêndios e à replantação de árvores.

Em 2021, os incêndios florestais custaram à Grécia 500 milhões de euros, ou seja, 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) nominal, notou a Moody's.

A UE anunciou que está a negociar a compra de mais aviões de combate aos incêndios e os governos poderão ter que estender as medidas de apoio aos territórios mais afetados.

O aumento das temperaturas pode também acarretar riscos para a saúde humana, sendo que Espanha e Portugal registaram, em 19 de julho, mais de 1.000 mortes relacionadas com o calor.

No Sul da Europa, os incêndios florestais são uma das principais causas de poluição do ar.

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