Invasão do Capitólio "é o momento 11 de setembro das redes sociais", diz comissário Europeu

Num artigo de opinião no Politico, o comissário Europeu Thierry Breton sublinhou que a invasão ao Capitólio, nos EUA, marcou um novo momento no papel das redes sociais, sublinhando a necessidade de regras mais apertadas.
Publicado a

"Tal como o 11 de setembro (de 2001) marcou uma mudança de paradigma para a segurança global, 20 anos depois estamos a assistir a um antes e depois no papel das plataformas digitais na nossa democracia", escreve Thierry Breton, comissário Europeu para o mercado interno, num artigo de opinião publicado no Politico.

"Ainda estamos chocados com as imagens dos protestos que invadiram o Congresso dos EUA para tentar travar a certificação do próximo presidente dos EUA. O ataque ao Capitólio - um símbolo da democracia - parece um ataque direto a todos nós", escreve o comissário.

O responsável europeu sublinha que, após as redes sociais terem bloqueado as contas de Donald Trump, considerando que estas representavam uma incitação ao ódio e à violência, este tipo de ações demonstrou que as plataformas "reconheceram a sua responsabilidade, dever e meios para prevenir a disseminação de conteúdo ilegal viral".

"Já não podem esconder a sua responsabilidade para com a sociedade ao argumentar que são meramente serviços de alojamento", aponta Breton.

O comissário escreve ainda que, se alguém "ainda tem dúvidas de que as plataformas online se tornaram atores sistemáticos nas nossas sociedades e democracias", os eventos da semana passada servem de resposta, indicando que "aquilo que acontece online não fica apenas online", tendo consequências na vida real.

Para o responsável europeu, os últimos acontecimentos marcam um ponto de anos de "discurso de ódio, incitação à violência, desinformação e estratégias de destabilização sem restrições" que se espalharam pelas redes sociais mais conhecidas.

Breton recorre ao Ato legislativo dos Serviços Digitais, apresentado no final do ano passado, para mostrar que a União Europeia está interessada numa maior transparência nas plataformas digitais. "O DSA (sigla em inglês) resultará em mudanças ao fazer com que as plataformas digitais tenham obrigações claras e responsabilidades a cumprir com estas leis (...)."

A proposta do Ato legislativo dos Serviços Digitais estipula novas regras, que obrigarão as principais plataformas a tomar medidas mais duras para conter fenómenos como o discurso de ódio e outros conteúdos ilegais.

No final, o comissário Europeu sugere que Bruxelas e a nova administração dos Estados Unidos unam forças, "como aliadas do mundo livre", para dar início a um "diálogo construtivo que possa levar a princípios globais coerentes".

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt