JJ Teixeira entra no negócio da construção em madeira

Carpintaria de Gaia que alia a arte da marcenaria aos processos automatizados tem em curso um investimento de 1,4 milhões de euros.
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A JJ Teixeira, uma das maiores carpintarias da Península Ibérica, decidiu dar mais um passo rumo a um futuro sustentável. A empresa da família Teixeira, que está a comemorar 45 anos de atividade, decidiu entrar numa nova área de negócio: a construção estrutural em madeira. O projeto é uma resposta às exigências que se avizinham a nível europeu para um incremento na utilização de materiais recicláveis na construção de casas. Como explica Miguel Teixeira, administrador e um dos representantes da segunda geração, "queremos fabricar o maior número possível de peças estruturadas em madeira sustentável, que vão substituir o betão ou o aço nos edifícios".

A smart carpentry, como se auto caracteriza devido ao elevado nível de industrialização fabril que, no entanto, se alia à arte da marcenaria, deverá arrancar com a nova atividade em 2023/24. Em França, o setor já "só pode utilizar cerca de 20% de materiais não recicláveis" e "nós já nos estamos a preparar" para que esse requisito seja alargado a mais países europeus, sublinha o responsável. A empresa tem uma equipa dedicada a 100% ao projeto e alocou parte do investimento em curso de 1,4 milhões de euros a esta aposta. Miguel Teixeira já definiu a estratégia: ampliar a unidade fabril, que atualmente ascende a 40 mil metros quadrados, e adquirir novos equipamentos.

Em simultâneo, a política de redução da pegada ambiental da atividade tem vindo a ser reforçada, através de uma maior eficiência energética, reutilização dos desperdícios e plantação de árvores em número equivalente ao consumo. Nos planos, mas ainda em embrião, está também o objetivo de lançar produtos de marca própria com assinatura de arquitetos de renome.

Este último projeto segue a linha de trabalho da JJ Teixeira, assente numa equipa de designers, arquitetos e desenhadores técnicos para responder eficazmente aos pedidos dos clientes, de que se destacam nomes consagrados como Siza Vieira, Eduardo Souto de Moura, Renzo Piano ou Frederico Valsassina. Aliás, neste momento, a carpintaria tem em mãos o fabrico de uma série de produtos, como portas, armários e pavimentos para o Mosteiro de Alcobaça, reabilitação que está a cargo de Souto de Moura.

Como frisa Miguel Teixeira, uma das particularidades que distingue a empresa de Gaia na Península Ibérica e mesmo numa esfera mais ampla na Europa "é que tudo o que produzimos é feito à medida. Desenhamos, fabricamos e montamos - esse é o core do nosso negócio". Para responder, a carpintaria conta com 240 trabalhadores em fábrica e com uma rede de mais de 400 colaboradores indiretos para operar em obra.

Novas geografias

A JJ Teixeira está também a reforçar a sua presença internacional. Este ano, vai somar três novas geografias ao mapa de exportação. Segundo Miguel Teixeira, um dos focos é o mercado americano, de onde a empresa tem registado "uma forte procura de soluções feitas à medida para projetos de dimensão e de elevada qualidade residenciais e hoteleiros". A Bélgica, pela proximidade com a França - país onde já é reconhecido o trabalho da carpintaria portuguesa -, e os Camarões são os outros territórios de expansão internacional a conquistar neste exercício.

A empresa prevê faturar este ano 28 milhões de euros, previsão que traduz um crescimento de 14% face aos 24,5 milhões registados em 2021. As exportações deverão pesar 24% no volume de negócios, um pouco mais do que os 22% que valeram no ano passado as vendas para mercados como França, Costa do Marfim, Noruega e Reino Unido. Ainda assim, será aquém do desejado. Como explica o gestor, a covid e a paragem de muitas atividades acabaram por ter impacto na carteira de encomendas, cuja recuperação deverá entrar em fase cruzeiro em 2023.

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