Lagarde revê contas e anuncia corte no crescimento e mais inflação em 2022

BCE. Em vez de crescer 4,6%, como se antecipava em setembro, economia avança 4,2% em 2022. Inflação acelera de 2,6% este ano para 3,2% no próximo.
Publicado a

A retoma da atividade económica prevista para o ano que vem deve ser visivelmente mais fraca do que se pensava há três meses, avisou esta quinta-feira a presidente do Banco Central Europeu (BCE). Em vez de crescer 4,6%, como se antecipava em setembro, as novas perspetivas são claramente mais fracas: 4,2%, indicam as novas projeções.

A inflação, que tanta tinta fez correr e tantos receios motivou nos últimos meses, vai acelerar bem, mas depois a tendência é para se esvair.

Este ano, a média da inflação (subida de preços) da zona euro deve ficar-se pelos 2,6% (a estimativa era 2,2% no pacote de previsões anterior, há três meses).

No ano que vem, a inflação sobe bastante, para 3,2% (1,7% em setembro), mas a tendência é para cair muito em 2023, para 1,8%, diz o BCE.

Lagarde explicou o que, na sua opinião e dos especialistas do BCE, está a acontecer. "A atividade económica tem sido moderada durante este último trimestre de 2021 e é provável que este crescimento mais lento se prolongue até à primeira parte do próximo ano", isto é, que contamine o primeiro semestre.

Assim, "esperamos agora que a produção exceda o seu nível pré pandémico no primeiro trimestre de 2022".

A razão é que "para fazer face à atual vaga pandémica, alguns países da zona euro reintroduziram medidas de contenção mais rigorosas".

O governo de Portugal, por exemplo, voltou a recomendar o teletrabalho sempre que possível, o que retira pessoas das ruas, estradas e transportes públicos, ao mesmo tempo que esvazia vários escritórios.

E decidiu impor uma "semana de contenção" a seguir ao Natal e Ano Novo, entre 2 e 9 de janeiro próximos, sendo que o primeiro ministro, António Costa, já aventou que vai ser preciso prolongar esse regime de contenção por mais tempo de modo a travar o avanço da variante ómicron do coronavírus que provoca a covid-19.

As medidas de contenção que vários governos estão a decretar "podem atrasar a recuperação, especialmente em termos de viagens, turismo, hospitalidade [hóteis e alojamentos locais] e entretenimento", assumiu a chefe do banco central da moeda única.

Para Lagarde, "a pandemia está a pesar na confiança dos consumidores e das empresas e na propagação de novas variantes de vírus estão a criar incerteza extra".

"Além disso, os custos crescentes de energia são um vento contrário para o consumo", retiram poder de compra às famílias. E sobrecarregam os custos das empresas, já agora.

A revisão em baixa da força com que a economia vai sair desta grave crise pandémica também é explicada pela "escassez de equipamentos, materiais e mão-de-obra em alguns setores, o que está a dificultar a produção de bens manufaturados, causando atrasos na construção e retardando a recuperação em algumas partes do setor dos serviços", disse Christine Lagarde na conferência de imprensa que decorreu em Frankfurt.

"Estes estrangulamentos ainda estarão connosco durante algum tempo, mas deverão atenuar-se durante 2022", acrescentou.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt