Laranjinha: Uma marca da revolução

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A Laranjinha nasceu de um acaso: o 25 de Abril. Parado o curso em

Coimbra, onde estava a tirar Direito, Luís Figueiredo virou-se para

a gestão de empresas e, aproveitando o know-how obtido numa têxtil

de família - entretanto vendida -, lançou a Laranjinha. Mas porquê

roupa infantil? "Na antiga empresa de família a componente de

criança era importante, era a que registava maior crescimento",

explica.

O administrador e acionista principal encontra três marcos

essenciais na história da empresa. Entre 1981 e 1988 "não

havia um projeto definido, tanto fabricávamos Laranjinha como

produzíamos para outras marcas". A partir de 1988, "o

mercado interno passou a ser a União Europeia e o que tínhamos a

fazer aqui [em Portugal] estava feito, dando-se, naturalmente, a

internacionalização. Foi nessa altura que deixámos de produzir

para outros". Em 2005, finalmente, a Laranjinha decidiu dar o

passo que faltava e abrir as suas próprias lojas.

Hoje, a marca tem cinco lojas próprias em Portugal e diz que o

franchising não é uma opção. E quanto ao mercado nacional estamos

conversados, porque a Laranjinha está agora de olhos postos em

Espanha, onde inaugurou um espaço comercial, em Madrid, em agosto

passado. Qual lança em África, a empresa foi "convidada pelo

El Corte Inglés a estar presente nos três principais centros"

daquele grupo em Espanha, estando prevista a abertura do primeiro

corner já no final de março. "O que é fantástico", diz

Luís Figueiredo, que revela ainda a intenção de, até 2014, abrir

mais quatro lojas próprias em território espanhol. Neste momento,

está à "procura de parceiros financeiros".

Espanha é já o principal mercado da Laranjinha que, juntamente

com Itália, absorve 70% das exportações. No país vizinho, Luís

Figueiredo conta com 230 clientes multimarca, encarando os espaços

comerciais como fundamentais para projetar a imagem da marca.

"Espanha apanha muito da América Latina e dos países árabes e

pode passar essa imagem melhor, porque eles vão ver as marcas que há

em Madrid, mas não passam por cá." A meta, em termos de

faturação, é chegar aos três milhões de euros em 2014 com as

cinco lojas e os três corners, a que se somam os 1,5 milhões de

pontos multimarca.

Na calha estão mercados como o México, o Japão ou a África do

Sul, mais ainda numa fase muito embrionária, até porque poderão

obrigar à constituição de parcerias, explica Luís Figueiredo. Há

ainda a gigantesca Rússia: "Um grande distribuidor convidou-nos

a abrir uma loja em Moscovo", mas está tudo ainda em fase de

negociação.

A marca de roupa infantil (dos zero aos oito anos) que encantou

Elton John - rendeu-se aos encantos do design nacional no armazém

norte-americano Barneys, desconhecendo-se, no entanto, que peças

comprou para o pequeno Zachary - promete continuar a inovar, estando

previsto para breve o lançamento de malhas para bebé em fibra de

bambu, "um produto antialérgico, antibacteriológico e

térmico", explica Luís Figueiredo.

Em termos globais, a Laranjinha deve fechar o ano ao nível das

contas de 2010, com o volume de negócios a rondar 6,1 milhões e a

exportar 75% para mais de 20 países. A produção chega às 600 mil

peças, todas feitas em Portugal, num total de 27 fábricas a norte

do rio Douro, depois de uma tentativa gorada de produzir lá fora - o

mundo dos babygrows e dos cueiros exige mão de obra delicada e

"mimo". Para promover a Laranjinha foram escolhidas duas

mães famosas: Luísa Beirão e Astrid Werdnig são as novas

embaixadoras da marca em Portugal.

Retrato

Laranjinha data de 1981 e factura 6,2 milhões de euros,

produzindo 600 mil peças. A Hall & Ca, Lda., cujo acionista

principal é Luís Figueiredo, fabrica e detém a marca. A Laranjinha

detém as lojas e tem como sócia a designer Inês Meireles, que era

dona da Avó Mizé (roupa de bebé), que é ainda responsável pela

equipa de design da Laranjinha. Produção é assegurada por 27

fábricas do Norte.

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