Ligar Oeiras a Sintra vai custar 100 milhões de euros

Oeiras entrega ao Governo projeto de transporte público em via dedicada, o SATUO, que prevê mais de 35 mil passageiros. E aprova um projeto imobiliário de 300 milhões para habitação e escritórios.
O presidente de Oeiras, Isaltino Morais, fotografado ontem no Parque dos Poetas.
Paulo Spranger
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“O projeto de transporte público em sítio próprio de Oeiras está concluído e vai ser entregue dia 28 deste mês ao ministro das Infraestruturas”, garantiu a vereadora para a Mobilidade da Câmara Municipal de Oeiras, Joana Baptista, esta quinta-feira, numa conferência sobre mobilidade.

A perspetiva é que o Governo dê luz verde o quanto antes para que o projeto comece a ser concretizado até 2028, a tempo de ser financiado pelos fundos europeus que têm 2030 como horizonte, afirmou a vereadora. Joana Baptista adiantou, a propósito, que Oeiras é atualmente o segundo concelho do país, a seguir a Lisboa, com maior carteira de projetos.

Em causa está a reativação do Sistema Automático de Transporte Urbano de Oeiras, o SATUO, para ligar o concelho de Oeiras ao de Sintra, permitindo uma conexão até aqui inexistente entre as linhas férreas de Cascais e de Sintra. O investimento previsto, sem o material circulante, é de 100 milhões de euros, especificou a autarca.

Ao contrário das previsões iniciais do projeto traçado há duas décadas, e entretanto interrompido, a ligação vai abandonar o modo automático em monocarril e prosseguir em modo rodoviário. A ideia é construir uma via dedicada em exclusivo ao transporte público e em modo mais sustentável. Os novos autocarros, mais parecidos com metros ligeiros de superfície, serão elétricos. Deverão partir do Oeiras Parque, atravessar os três grandes parques empresariais do concelho e prosseguir até à estação de Tercena, garantindo mais pontualidade, rapidez e eficiência. Ao contrário dos objetivos iniciais, o SATUO não vai entrar por Sintra, porque “não foi possível obter acordo nesse sentido”, apesar de se estimar que dois terços dos seus utilizadores venham a ser oriundos do concelho de Sintra, disse Joana Baptista. A autarquia estima um fluxo de 35 mil utilizadores por dia.

O elevado fluxo de passageiros deve-se ao facto de Oeiras receber diariamente mais de 30 mil pessoas de fora para trabalhar nos vários parques empresariais do concelho.

A necessidade de um forte investimento em transporte público foi, por isso mesmo, reforçada pelo presidente da Parques Tejo, Rui Rei, que apontou o constante crescimento do número de passageiros nas novas carreiras criadas, por exemplo, em Algés. “Existe espaço para o transporte público crescer, apenas temos de tomar as medidas que são as corretas”, afirmou. E uma dessas medidas é, na sua opinião, a aposta no LIOS, outro projeto de transporte púbico em via dedicada, que quer fazer a ligação da zona ocidental do concelho entre a zona ribeirinha, passando por Miraflores, Carnaxide, Algés com término no Dafundo. “Se queremos que as pessoas mudem os comportamentos e adiram ao transporte público temos de construir vias, porque não há transportes no mato, e dar-lhes oferta”, disse Rui Rei.

As previsões apontam para que a procura continue a crescer no eixo Lisboa-Cascais, o que vai exigir mudanças a vários níveis e reforço de infraestruturas como a A-5, muito congestionada. Tanto Oeiras como Cascais e Lisboa estão de acordo quanto à necessidade de introduzir uma via dedicada ao transporte público naquela estrada, que é visto como “urgente e fundamental”, até porque “a linha férrea também está obsoleta”, considerou Joana Batista. “Cabe agora à Brisa e ao Governo apresentarem a solução”.

A necessidade de melhorias em todas as frentes que possam facilitar a mobilidade e torná-la mais sustentável é ainda mais premente à medida que o concelho continua a atrair mais gente e empresas.

Vai nascer mais um parque empresarial em Oeiras também com área para habitação. O Parque Central é um projeto conjunto entre a Teixeira Duarte e a China Sate Construction Engineering, a maior construtora mundial, e prevê um investimento superior a 300 milhões de euros, disse ao DN Manuel Maria Teixeira Duarte, o CEO da construtora portuguesa, à margem da conferência.

“O Plano de promenor já está aprovado. Agora estamos a aprovar a licença de loteamento para começar a construção, que deverá estar concluida em oito a nove anos”.

Á área de construção vai abranger o equivalente à freguesia de Campolide, em Lisboa, e localiza-se à direita da estação de serviço da GALP, no sentido Lisboa-Cascais da A-5. Em causa estão 80 mil m2 para esritórios e 60 mil m2 para habitação. “Esta aliança entre habitação e escritórios é a nova tendência, que procura dar resposta à necessidade de morar perto do trabalho”, disse o presidente de Oeiras, Isaltino Morais.

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