Linha de Leixões reativada mas obras alteram serviço

A partir do 3.º trimestre de 2025, o troço vai ter intervenção para acomodar mais comboios de mercadorias. Implica cancelar a oferta aos fins de semana
Adelino Meireles/Global Imagens
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Espera-se que a partir de dezembro os passageiros voltem à Linha de Leixões, com comboios entre Porto-Campanhã e Leça do Balio. Mas o regresso do serviço ferroviário terá de sofrer alterações mais perto do final do próximo ano, por conta do arranque das obras de modernização da linha para acomodar mais comboios de mercadorias. No limite, a circulação de comboios será suspensa aos fins de semana.

“As obras decorrerão maioritariamente em períodos sem circulação, com implementação de afrouxamento de velocidades. Pontualmente, e por períodos muito limitados (no máximo, durante fins de semana), haverá a necessidade de suspender a circulação de comboios na Linha de Leixões”, adianta ao Dinheiro Vivo fonte oficial da Infraestruturas de Portugal (IP).

Os trabalhos também vão implicar a existência de “limitações de velocidade” no acesso da estação de Contumil à Linha de Leixões, na estação de São Mamede de Infesta e nas zonas de receção e expedição de comboios do Terminal de Leixões.

A linha vai beneficiar de obras de 32 milhões de euros para poder receber comboios de mercadorias até 750 metros de comprimentos. A empreitada contempla, por exemplo, o fim de três passagens de nível rodoviárias, uma pedonal e um atravessamento de nível, além do aumento do comprimento de linhas de resguardo nas estações de Contumil e de São Mamede de Infesta.

A IP procura empresas para executar os trabalhos, que vão arrancar no 3.º trimestre do próximo ano e que terão a duração prevista de dois anos. Apesar disso, a empresa que gere a rede ferroviária mantém o compromisso de criar todas as condições para o regresso dos passageiros à Linha de Leixões.

A cargo da IP está a construção de plataformas provisórias nos novos apeadeiros do Hospital de São João e Arroteia e há trabalhos a decorrer nas estações de São Gemil e de Contumil. A Câmara de Matosinhos está a tratar dos acessos às novas e atuais estações ferroviárias. Espera-se que os trabalhos fiquem prontos para, a partir de dezembro, a CP pôr em marcha, pelo menos, um comboio suburbano por hora e por sentido entre Porto-Campanhã e Leça do Balio.

Com 34 ligações por dia de 20 minutos cada, seria possível servir 1,6 milhões de passageiros por ano: um terço da procura viria de Campanhã (502 mil utentes); outro terço do Hospital de São João (444 mil); os restantes seriam de São Mamede de Infesta (132 mil), Arroteia, junto à Efacec (115 mil), polo empresarial de Leça do Balio (49,5 mil) e Contumil, segundo contas da CP apresentadas em agosto do ano passado. Para contabilizar os passageiros, seria necessário instalar 10 validadores.

A proposta da CP pretende começar a atrair procura e aproveitar ao máximo a via única da Linha de Leixões - que atualmente serve comboios de mercadorias de e para o porto local e o comboio operário até Guifões. Na segunda fase, seria necessário apostar nos apeadeiros de Guifões e de Araújo, além de construir uma estação em Leixões mais próxima da estação do Metro do Porto do Senhor de Matosinhos.

Conforme a adesão dos utentes, a ligação ferroviária poderá mesmo vir a ser duplicada. Em maio de 2021, seriam necessários cerca de 65,5 milhões de euros para esta intervenção, segundo um estudo encomendado pela Câmara de Matosinhos. Passando a ter duas vias, além de novas estações, a Linha de Leixões poderia prolongar-se até ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Considerando a inflação dos últimos três anos, o orçamento para a empreitada teria de ser ajustado.

A ampliação da Linha de Leixões depende de um “estudo de exploração que permita aferir as necessidades topológicas (duplicação total ou parcial da linha) para acomodar a compatibilização do transporte de passageiros com o crescimento previsto do número de comboios de mercadorias”, alega a IP.

Todas as partes querem evitar a repetição do problema da reabertura da linha em 2009: o comboio voltou em setembro, após a assinatura de um protocolo, a poucos dias das legislativas desse ano e durou apenas até fevereiro de 2011, devido à baixa procura. Na altura, a ligação ferroviária fazia-se entre Ermesinde e Leça do Balio com comboio do tipo regional.

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