No livo Multiplique o Seu Dinheiro, da Manuscrito, a educadora financeira Ariana Nunes deixa claro que não pretende fazer aconselhamento sobre como o leitor deve aplicar as suas poupanças, mas sim "transmitir o conhecimento necessário para que tome as suas próprias decisões, de forma informada e consciente". O livro é também um processo de partilha do percurso da autor no mundo dos investimentos - desde os erros que cometeu "até finalmente perceber que toda a nossa vida pode melhorar quando nos tornamos investidores", explica a autora do canal Renda Maior, no Youtube, um projeto de educação financeira online que já conta com cerca de 47 mil seguidores. "Neste mundo dos investimentos, não existem recompensas sem riscos!" - adverte..Tudo começa em casa, com a boa gestão dos rendimentos. Ariana Nines descreve no livro que "basicamente, entrar na "corrida dos ratos" significa trabalhar e gastar tudo o que se ganha. Entretanto, o salário aumenta e, por isso, sentimo-nos à vontade para contrair novas despesas. Continuamos a gastar tudo o que ganhamos e entramos num ciclo vicioso. A única diferença é que o nível de vida aumenta, mas os gastos também..." Ao Dinheiro Vivo, a autora explica que a forma de não se viver de salário em salário (nesta 'corrida dos ratos'), num ciclo financeiro em que se trabalha e gasta tudo o que se recebe, "passa essencialmente por não aumentar o estilo de vida, as despesas, o consumismo e claro, por um bom controlo/gestão, através de orçamentos e de objetivos bem definidos. O importante é canalizarem esforços de poupança para se motivarem em conjunto [no caso de um casal] e alcançarem as metas financeiras a curto, médio e a longo prazo"..Logo a partir desta altura, a autora introduz conceitos como a diferença entre bens ativos e bens passivos, como sendo "algo tão fácil de identificar, mas que poucas pessoas têm em mente. De forma consciente, quando gastam o seu dinheiro". E explica de seguida que "os ativos são bens que podem trazer-nos um retorno financeiro, enquanto os passivos são precisamente o oposto. Ou seja, gastamos o dinheiro, e pronto, está gasto, sem qualquer perspetiva de retorno." E dá como exemplo de um bem ativo a compra de uma casa para arrendar, como sendo um ativo, porque por mais despesas que tenha associada, todos os meses terá uma renda de retorno - e um dia será vendável por um preço superior ao da compra, porque valorizou. Já um bem passivo pode ser a compra de um carro, que não valoriza e dá despesa - a menos que seja um clássico, cujo valor de mercado vai valorizando ao longo dos anos, ou que este veículo seja um instrumento de trabalho, que trará algum retorno financeiro. Mas é sempre preciso "fazer contas e ver se o retorno compensa o investimento", conclui..Como rapidamente se percebe pela leitura, este livro, que se aplica à realidade portuguesa, começa por ser um contributo para a literacia financeira. Ao longo de pouco mais de 160 páginas são explicados muitos conceitos, de forma simples. E com isso explicam-se muitas dúvidas. Descodificam-se preconceitos. E permite que de forma informada, o leitor possa seguir o seu caminho de investimento - se assim o quiser..Perguntámos à autora sobre como podemos desfazer o mito de que investir é só para ricos. E como pode investir, quem tem poucas poupanças? A resposta está, claro, no livro, ao longo das páginas, mas Ariana resume-a: "Hoje em dia, já é possível investir com pouco dinheiro, principalmente pelo aparecimento de corretoras low-cost e novos investimentos como as P2P [peer-to-peer]. Quando se trata de investir, o risco está sempre associado às rentabilidades, daí ser necessário perceber o que se está a fazer, antes de se colocar o dinheiro em qualquer produto financeiro.".No seu livro refere que o atalho para a riqueza é o casal. Sabemos que muitas das divergências entre casais são causadas exatamente pelo dinheiro - até porque muitas vezes um dos elementos ganha mais do que o outro. Então como superar tudo o que é negativo para impulsionar este objetivo? "Através da comunicação", diz Ariana Nunes ao Dinheiro Vivo. "Acredito que um casal se deve entender nas questões financeiras, isto para ter um relacionamento verdadeiramente saudável. Afinal, o dinheiro é um grande motivo de discussão e até, uma causa comum de divórcio, por isso, sentarem-se e falarem sobre os objetivos a alcançar como casal, definirem prioridades e traçarem um plano para as alcançar em conjunto é fundamental para os dois, independentemente se um ganha mais ou não."."Não existem dicas para enriquecer rapidamente, a não ser a exceção dos jogos de sorte ou azar, onde as probabilidades são mínimas e ainda, criam dependência de jogo. Contudo, quando se trata de aumentarmos o nosso património, devemos fazer planos para o curto, médio e sobretudo para o longo prazo, através de estratégias de poupança, investimento e tendo foco em aumentar os nossos rendimentos mas sem aumentar o nosso estilo de vida (isto é, o consumismo e as despesas)", diz-nos a autora. "Uma boa carteira diversificada com vários tipos de ativos, que tenham um acompanhamento regular e tendo uma vontade em querer perceber mais sobre os nossos investimentos, é a chave para o sucesso financeiro.".E preciso fazer mais leitura do livro para que estas palavras comecem a fazer sentido, até porque, para muitas pessoas, investir acarreta medos. A própria autora admite, no livro, a certa altura que para si também não foi um processo fácil de aprendizagem. "Confesso que foi difícil "reaprender" certos conhecimentos que eu achava que estavam certos. Tive de apagar todas as crenças e ideia que me foram incutidas desde sempre", escreveu. "Reconheço que mudar de mentalidade custa bastante."."Apercebi-me de que uma das formas mais fáceis de poupar dinheiro era elaborando um orçamento bem estruturado por categorias essenciais e, claro, pela separação dos montantes necessários para cada propósito", descreve ainda a autora no livro. Perguntamos-lhe então como se separa dinheiro em contas diferentes por objetivos? Ariana responde-nos que criou "contas bancárias gratuitas que foram usadas com uma determinada finalidade, tais como: a conta das despesas, a conta do lazer e ainda, a conta para se acumular os euros para fazer algum investimento (pode ser a conta da corretora)." Para o lazer usou uma conta Revolut. As poupanças ficaram no cartão N26, um banco digital alemão. E usava a sua própria conta bancária para as despesas correntes. Já os investimentos eram "aplicados diretamente em corretoras de renome, que escolhi cuidadosamente", explica no livro..Outro dos conceitos que Ariana explica é o da inflação e do impacto que tem nas poupanças. "Sobre esta questão, o ideal é ter o capital investido em vários produtos financeiros, uns de capital garantido e outros sem capital garantido mas que permitam obter melhores rentabilidades", explica ao Dinheiro Vivo. "O mínimo, para não perdermos para a inflação é tentarmos encontrar produtos financeiros que estejam a dar taxas maiores do que a taxa de inflação atual, como por exemplo, algumas contas bancárias remuneradas (protegidas pelo fundo de garantia de depósitos) que ainda estão disponíveis no nosso país." Contudo, a autora considera que é "um erro não conhecer o produto financeiro" que nos é apresentado, por exemplo, pelo nosso gestor bancário, que é quem sugere aos portugueses a maioria dos seus investimentos - a avaliar pelos resultados do estudo Finantial Literacy for Investors in the Securities Market in Portugal, realizado pela Valdani Vicari & Associati e pela KPMG, em maio de 2020, para a Comissão Nacional de Valores Mobiliários (CMVM), que a autora cita..O livro ajuda a que o leitor saiba qual o seu perfil de investidor - conservador, moderado ou mais arriscado -, para multiplicar o seu dinheiro com alguma margem de segurança. E para isso é preciso conhecer a sua tolerância à possibilidade de perder capital. "Vale a pena salientar que, em regra, quanto menor o risco, menores os ganhos, e vice-versa", escreve a autora. Neste sentido, é como dizia anteriormente Ariana sobre a necessidade de diversificação de investimentos, "existindo algum risco, o ideal é distribuirmos as nossas poupanças por diferentes "cestos", uns mais seguros, outros mais periclitantes, consoante o nosso perfil"..Perguntamos a Ariana Nunes se vale a pena investir em criptomoedas: "Na minha opinião sim, por serem criptoativos que estão fora do sistema tradicional financeiro mas que estão, cada vez mais, a ter uma enorme adesão por esses agentes e pelos grandes "players" do mercado e ainda, devido à sua utilidade como preservação de capital ou por alguma criptomoeda, ser um possível projeto de serventia global como meio de pagamento. Porém, acredito que a percentagem do nosso património, deverá ser pouca, face aos riscos associados.".No lançamento do livro, na Fnac, Ariana Nunes explicou que na sua estratégia de investimento, começou por criar uma reserva de emergência, que nos explica que "deve ser medida de acordo com o que precisa de ter para viver por mês. Normalmente, é mais fácil colocar o valor do salário que se recebe e com esse montante definido, através do método S.M.A.R.T. [designação em inglês que se baseia em cinco fatores: S (específica), M (mensurável), A (atingível), R (relevante) e T (temporal)], poderá juntar o equivalente a 6, 9 ou 12 meses de salários, criando assim uma rede financeira de proteção para as eventualidades, a designada reserva de emergência". E depois começou a "fazer investimentos arriscados que gerassem cash flow, isto é, retorno. E que não só me gerassem cash flow como valorizassem ao longo do tempo. Comecei a criar uma carteira de ações, NTFs, criptomoedas - neste caso bitcoin -, o peer-to-peer (P2P). Neste caso o que eu queria procurar - e brevemente serão também investimentos imobiliários - era dali haver sempre duas coisas: um rendimento, proveniente dos dividendos ou dos juros - no caso do P2P é juros, no caso das bitcoins vocês veem no canal [Renda Maior, no Youtube] que eu invisto em plataformas que também me dão retorno, mais em BTC, mais em criptomoedas; e todos os meus investimentos estão a render, todos os meus investimentos estão a valorizar", explicou Ariana..Para acelerar o investimento, além de poupar ao máximo o seu salário, Ariana começou a fazer trabalhos extra para acrescentar mais rendimento aos seus investimentos. "Eu trabalhava no meu emprego e dedicava os meus fins de semana, as noites, os sábados, os domingos, o que fosse. O que eu tivesse como folga, ia trabalhar para ganhar mais dinheiro." Perguntámos, por último, à autora como pode alguém encontrar novas fontes de rendimento, tal como ela o fez. "Junto da sua esfera de contactos, nas redes sociais ou ainda, em plataformas de promoção de serviços, tipo Fiverr ou Upwork. O importante é tentar descobrir o que pode fazer e quais competências que pode desenvolver para ganhar um rendimento extra.".Este livro, retrata "uma jornada de alguém que passou pelo desemprego, pelo ordenado mínimo e que veio a descobrir um caminho para alcançar a liberdade financeira", pode ler-se na contracapa o que resume em muito poucas palavras a aprendizagem financeira da autora, que a levou a investir para alcançar o seu objetivo: ganhar mais dinheiro..FICHA DO LIVRO:.Título: Multiplique o Seu Dinheiro - Aprenda a gerir e a investir os seus rendimentos e alcance a liberdade financeira Autora: Ariana Nunes Editora: Marcador Nº de páginas: 168 Data de saída: 6 outubro 2021 P.V.P.: 14,90 €