MAI contrata Meo para garantir comunicações seguras nas eleições europeias de 9 de junho

MAI contrata Meo para garantir comunicações seguras nas eleições europeias de 9 de junho

Ministério da Administração Interna recorre ao operador por ajuste direto, pagando 735 mil euros pelo apoio prestado no processo eleitoral em mais de 13 mil mesas de voto.
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O Ministério da Administração Interna (MAI) contratou a Meo para um conjunto de serviços de "comunicações seguras de apoio" aos procedimentos das eleições ao Parlamento Europeu, que decorrem em Portugal no dia 9 de junho, por um preço máximo de 734.974,00 euros.

De acordo com a informação disponível no Portal Base, o MAI recorreu à telecom por ajuste direto por considerar "não existir concorrência por motivos técnicos". O contrato foi assinado a 14 de maio e tem um prazo de execução de 53 dias, podendo manter-se em vigor "até quatro semanas após a realização das eleições", prevendo-se o cumprimento do Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) e o "dever de sigilo" sobre todas as informações obtidas, mesmo após o fim da prestação de serviços.

Ao valor fixado acresce o IVA de 23%, sendo que o MAI pagará à Meo "numa única prestação", só "após conclusão do serviço", e apenas pelas quantidades de serviços "efetivamente utilizadas".

Nestas eleições europeias, a Meo fornece "ligações seguras" em 29 mil computadores portáteis instalados nas 13 586 mesas de voto, distribuídas por 6 299 locais, em todo o território nacional, permitindo o acesso "à infraestrutura de comunicações da Rede Nacional de Segurança Interna", segundo o caderno de encargos. Além das mesas de voto, são também asseguradas comunicações nas instalações da secretaria-geral do MAI (SGMAI), nas cidades de Lisboa e do Porto.

As ligações "devem garantir o débito necessário para o bom funcionamento, sem constrangimentos no funcionamento das aplicações utilizadas pelos 29 mil computadores". E cabe ao operador "monitorizar" as mesmas ligações "sempre que a tecnologia utilizada seja 4G".

A Meo tem de disponibilizar "equipas especializadas de comunicações e seguranças" para acompanhar a prestação de serviços, fazendo "o reporting online".

Para o efeito, o MAI estima que seja necessário a Meo disponibilizar: até 21 320 cartões móveis, que representam um custo máximo de 255 480 euros; até 4 852 cartões móveis "rede total", com um preço máximo 58 224 euros; até 500 "sites GPON", cujo preço total é 75 500 euros; até 500 "sites com extensão de rede móvel", num preço total de 335 mil euros; até 50 locais com ligações à internet via ADSL, cujo custo global ascende a 8 mil euros; e até 50 locais com ligações à internet via satélite, com um custo total de 2 410 euros.

A conectividade que o operador dá serve para assegurar ligações entre as mesas de voto e a plataforma eleitoral online do MAI, desenvolvida por outra entidade, que aloja todos os dados relativos ao processo eleitoral. Ou seja, a prestação de serviços da Meo visa apenas conectividade fixa e móvel, estando quaisquer questões aplicacionais de software para estas eleições europeias adjudicadas a outro prestador, que não foi possível identificar.

Segundo os contratos públicos inscritos no Portal Base, a portuguesa Critical Software tem sido, recorrentemente, contratada pelo Estado - pelo menos desde 2013 - para implementar plataformas eleitorais e fazer o acompanhamento aplicacional do processo. No Portal Base consta ainda um contrato entre o MAI e a Link Consulting, para a realização de testes de carga (verificação da capacidade de tráfego de dados de uma plataforma) "para os atos eleitorais de 2024", incluindo as "aplicações que prestarão serviço" às eleições europeias.

A plataforma eleitoral destas eleições europeias terá um significado diferente, uma vez que visa facilitar a verificação da identidade do cidadão e o respetivo número de eleitor e acelerar a transmissão dos resultados eleitorais, após a contagem dos votos.

O voto continuará a ser exercido assinalando uma cruz no boletim em papel, mas, pela primeira vez em Portugal, os cadernos eleitorais, nestas eleições europeias, foram desmaterializados, passando a estar disponíveis digitalmente a quem estiver nas mesas de voto a escrutinar o ato. Por isso, qualquer eleitor poderá votar na mesa de voto que quiser, em qualquer parte do território nacional, sem registo prévio. Para votar, bastará ao eleitor inserir o cartão de cidadão no leitor disponibilizado no local para confirmar a sua identidade e poder votar.

As eleições ao Parlamento Europeu de 2024 estão a decorrer desde o dia 6 de junho. Em Portugal, os eleitores votam no domingo, dia 9, embora tenha sido possível votar antecipadamente no dia 2 de junho. O sufrágio de 2024 permite eleger 720 deputados ao Parlamento Europeu (21 em Portugal) para um mandato de cinco anos.

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