Marcelo Rebelo de Sousa revelou nesta noite, em declarações ao DN/DV, que convocou uma audiência com os parceiros sociais para a próxima sexta-feira (29 de outubro). É a resposta imediata do Presidente ao murro na mesa dado pelos patrões, depois de, nesta tarde, as quatro confederações terem decidido abandonar a Concertação Social, devido ao "desrespeito" do governo pela estrutura. Recorde-se que o governo de António Costa apresentou ontem uma série de medidas que mudam o contexto do trabalho sem levar os temas à discussão em sede própria.
"Quero ouvir os parceiros sociais", frisou Marcelo, acrescentando que continua empenhado em "trabalhar num cenário de aprovação do Orçamento do Estado que seja melhor para país". "A passagem do Orçamento tem a grande vantagem de não espoletar mais uma crise e mais incerteza", sublinhou o chefe de Estado, que participou nesta sexta-feira no jantar comemorativo dos 250 anos da Pinto Basto, empresa de Bruno Bobone (também colunista do DN).
"A melhor resposta à incerteza é a certeza, pois a recuperação económica e social está lenta e difícil. Tem de haver diálogo entre os partidos e o governo", acrescentou, assumindo estar otimista quanto à aprovação do Orçamento do Estado para 2022: "Somos bons a salvar apertos. O que é desejável e expectável é passagem do orçamento."
Marcelo tomou a iniciativa de convocar os parceiros sociais depois de as confederações empresariais com assento na Comissão Permanente de Concertação Social terem anunciado na tarde desta sexta-feira a suspensão da participação neste mecanismo de diálogo social, tendo ainda em comunicado solicitado uma audiência a Marcelo Rebelo de Sousa. "CAP, CCP, CIP e CTP decidiram suspender a sua participação nas reuniões da Comissão Permanente de Concertação Social e solicitar uma audiência ao Sr. Presidente da República para comunicar de uma forma clara as suas discordâncias e preocupações", informam as quatro organizações em comunicado.
O abandono da Concertação Social foi a forma de protesto encontrada contra a decisão do governo de adicionar medidas não discutidas com parceiros sociais no pacote de revisões ao Código do Trabalho apresentado ontem, que os patrões entendem como cedências aos partidos à esquerda para viabilizar o Orçamento do Estado para 2022.
Jornalista do DN