Mecânicos da Brisa reclamam aumentos salariais e melhores condições de trabalho

Trabalhadores querem reestruturação da carreira profissional. Desde a privatização da empresa, a grelha salarial “teve uma valorização real de 36 euros”, apontam.
Mecânicos da Brisa reclamam aumentos salariais e melhores condições de trabalho
D.R.
Publicado a

Duas centenas de mecânicos da Brisa – Autoestradas de Portugal exigem, num abaixo-assinado entregue na sede da empresa, a reestruturação da carreira, com atualização da grelha salarial, alteração da escala de serviço e atribuição de um subsídio de risco.

Num comunicado divulgado esta terça-feira, os trabalhadores da assistência rodoviária da Brisa reivindicam uma “melhor compensação do trabalho por turnos, feriados, Natal, Páscoa e noites”, argumentando que, nos últimos dois anos, “acumulam uma perda remuneratória superior a 1% relativamente à inflação”, enquanto “a empresa lucra 496,8 milhões de euros”.

“Os mecânicos sentem-se injustiçados por a empresa escolher apenas alguns setores para renegociar as carreiras e traídos por quem os deve representar, em particular o SETACCOP [Sindicato da Construção, Obras Públicas e Serviços]”, sustentam.

Segundo se lê no comunicado, “os funcionários estão contra a diminuição do poder de compra, escalas em que conduzem viaturas seis dias por semana e a realização de trabalho gratuito”, reclamando, por isso, uma reestruturação da respetiva carreira profissional.

Relativamente à grelha salarial, os mecânicos da Brisa argumentam que, nos últimos 22 anos, desde a privatização da empresa, “teve uma valorização real de 36 euros”: “Em 2002, um mecânico em início de carreira auferia dois salários mínimos nacionais e atualmente 1,36, o que prova a regressão da carreira”, concretizam. 

Numa declaração escrita enviada à agência Lusa, a Brisa Concessão Rodoviária (BCR) disse ter "um grupo de trabalho com todos os sindicatos representados na empresa para tratar temas de requalificação de funções e valorização das carreiras com salários mais baixos".

Garantindo que manteve, "desde sempre, uma cultura de diálogo e de negociação coletiva", a BCR recorda que "acabou de fechar a revisão do ACT [acordo coletivo de trabalho] com o acordo de todos os sindicatos".

Segundo enfatiza, "nesta revisão o escalão salarial mais baixo ficou acima dos 900 euros mensais, acrescido do subsídio de refeição", sendo que "o aumento salarial mínimo em 2024 na empresa foi de 5% e há escalões salariais que foram aumentados acima dos 10%".

Outra das reivindicações dos trabalhadores é a alteração da escala de serviço, uma vez que o atual modelo, apenas com um dia de descanso semanal, “tem grande impacto na vida pessoal e profissional dos trabalhadores, em particular nos que conduzem diariamente centenas de quilómetros”.

“Existe na empresa escala com dois dias de descanso semanal, aplicada apenas a algumas autoestradas, ferindo o princípio constitucional de trabalho igual salário igual’”, notam.

De acordo com os trabalhadores da assistência rodoviária da Brisa, “a empresa fomenta publicamente a segurança e descanso dos condutores, mas não aplica aos próprios funcionários”.

A atribuição de um subsídio de Insalubridade, penosidade e risco é outra das reivindicações dos mecânicos da Brisa, tendo em conta “a sobrecarga funcional, o aumento de probabilidade de lesão e o risco agravado da função”.

O grupo subscritor do abaixo-assinado abrange cerca de 220 mecânicos da Brisa Operação & Manutenção (O&M), distribuídos por 18 centros em 14 autoestradas do país.

A seu cargo têm o patrulhamento e a assistência aos condutores que circulam nos 1.549 quilómetros concessionados ou geridos pela Brisa, 24 horas por dia, 365 dias por ano, percorrendo anualmente cerca de 10,7 milhões de quilómetros.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt