Depois do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, desdramatizar a recente subida dos juros das dívidas soberanas, reforçando a confiança na ação do Banco Central Europeu (BCE), eis que Fernando Medina, elogiou esta quinta-feira a "mensagem importante num momento importante" e disse esperar que as medidas adicionais do BCE "venham a produzir o efeito de não permitir" uma escalada das taxas de juro.."Foi uma mensagem importante num momento importante e esperamos que ela tenha esses efeitos e que medidas adicionais venham a produzir esse efeito, que é o de não permitir que as taxas se comecem a afastar muitos das outras, porque, aliás, isso comprometeria a própria eficácia da política monetária do BCE", afirmou Medina em declarações à comunicação social, transmitidas pela SIC, à entrada para a reunião do Eurogrupo, no Luxemburgo..Desta forma, o governante mostrou confiança de que o BCE não irá permitir que os juros das dívidas soberanas, sobretudo de países como Portugal, Espanha, Itália e Grécia, escalem de forma a afastar-se das taxas cobradas aos países do norte da Europa, regressando a níveis descontrolados..Medina recordou que o BCE, ainda no tempo de Mario Draghi (antecessor de Chistine Lagarde na liderança daquela autoridade bancária), promoveu uma "grande mudança na política monetária europeia", o que levou à criação do Mecanismo Europeu de Estabilidade e "à política do banco no BCE, aos instrumentos de compra de dívida do BCE", que são "ativos que hoje a União Europeia já tem no seu arsenal de dezenas de munições". Por isso, rejeitou que as taxas de juro ascendam aos níveis registados antes dessa mudança.."O regresso a essas taxas é algo que não está no horizonte, nem seria hoje permitido pelo BCE", assegurou, considerando que a ação do supervisor da banca da zona euro permitirá ""impedir movimentos especulativos sobre as dívidas soberanas dos vários países", evitando a "fragmentação da Zona Euro"..Assim, o governante também rejeitou que Portugal volte a enfrentar uma escalada dos juros da dívida soberana, um dos fatores que levou o país, em 2011, a chamar a troika. Os juros associados aos títulos da dívida portuguesa ultrapassaram estão nos 3%, algo que não se via desde 14 de julho de 2017..Questionado sobre a capacidade de Portugal suportar este contexto, Medina disse: "Creio hoje que todos percebem a credibilidade que Portugal tem pelo facto de dar sinais muito fortes na redução da dívida". "[Isso] é importante para podermos lidar com um momento em que as taxas estão a seguir o caminho da subida", argumentou..Na quarta-feira, o BCE reuniu de emergência os governadores dos bancos centrais dos países da moeda única para serenar eventuais tensões, na sequência da subida das taxas de juro das dívidas soberanas, após a autoridade do euro ter anunciado o fim da política de compra de ativos [vulgo PEPP, em vigor por causa da pandemia de covid-19]. A presidente do BCE, Christine Lagarde, fez saber que está na calha um instrumento para conter os juros e prometeu "flexibilidade" na hora de reinvestir as obrigações adquiridas..Em causa está a criação de um novo instrumento "antifragmentação", em paralelo com a normalização da política monetária, a fim evitar diferenças significativas entre os juros das dívidas de países do sul da Zona Euro, como Portugal, Espanha, Grécia e Itália, e os países do norte, de acordo com o BCE..Esta quinta-feira, na reunião do Eurogrupo, Christine Lagarde vai informar os ministros das Finanças do euro sobre as últimas decisões de política monetária.