Numa semana que voltou a ficar marcada por perdas no setor tecnológico, o Banco Central Europeu (BCE) elevou as perspetivas macro e o homónimo inglês cortou nos juros, animando os mercados. Noutras matérias ouro andou perto de máximos e o preço do barril não era tão baixo desde 2021.Tudo começou com a apresentação das contas do terceiro trimestre por parte da Oracle, que desenvolve software. O volume de investimentos acima do que se previa naquele período, juntamente com a revisão em alta das perspetivas de investimento em 2026 e, sobretudo, a dívida acima do esperado, foram fatores de preocupação entre os investidores.A tecnológica, que está cotada na bolsa de Wall Street, viu as respetivas ações caírem 20% numa semana e atingiram mínimos de junho, mas as consequências não se ficaram por aqui. As contas da Oracle deram força a receios de que o disparo nas capitalizações de mercado de empresas ligadas à Inteligência Artificial (IA) possa significar uma "bolha" à espera de rebentar. Neste contexto, foram castigadas outras tecnológicas, como é o caso da Nvidia e Broadcom. Ora, chegados a quinta-feira, dia 18 de dezembro, os mercados procuravam algo a que se agarrar, para evitarem uma semana de perdas gerais. Foi dos bancos centrais que surgiram, finalmente, sinais positivos, a que se juntou a inflação na economia norte-americana, que geraram ânimo entre os investidores.Em primeiro lugar, o Bank of England (BoE) correspondeu às expetativas, ao cortar nas taxas de juro de referência, em 25 pontos base (p.b.), para 3,75%. A decisão esteve longe de ser consensual (5 votos a favor e 4 votos pela manutenção dos juros) e fica ligada a fatores macroeconómicos de peso. São eles a desaceleração da inflação (3,2% em novembro após 3,8% em setembro), o aumento do desemprego (5,1% em outubro, contra 4,3% no mesmo mês do ano passado) e a perda de fôlego da economia, já que o PIB recuou 0,1% em outubro (igual em setembro). De resto, a instituição espera ainda um aproximar da inflação ao limite máximo de 2% já no primeiro trimestre de 2026.Seguiu-se o BCE, que também correspondeu às expetativas dos mercados, ao manter as taxas de juro (depósito 2,0%, refinanciamento 2,15% e marginal 2,4%). As perspetivas apontam para a inflação a "estabilizar na meta de 2% no médio prazo" (2,1% na zona euro em novembro). Dito isto, foram as perspetivas divulgadas na quinta-feira que puseram as negociações em alta.A presidente da instituição, Christine Lagarde já tinha sinalizado a possibilidade de uma melhoria a este respeito, face às projeções divulgadas em setembro, sendo que os números validam essa ideia. O BCE prevê agora um crescimento económico de 1,4% em 2025 (antes 1,2%), 1,2% em 2026 (contra 1,0%) e 1,4% em 2027 e 2028 (antes 1,0% e 1,3%, respetivamente).Este figura entre os principais fatores de ânimo das bolsas europeias, que assim viram os índices de referência europeus registarem subidas próximas de 1%. Foi o caso do alemão DAX, que avançou 0,99%, ao passo que o francês CAC 40 avançou 0,80%. O índice Euro Stoxx 600, que engloba as 600 maiores empresas das bolsas europeias adiantou-se 0,96%, ao passo que o Euro Stoxx 50 foi mais além, ao somar 1,16%.Por último, esta quinta-feira trouxe mais um indicador macroeconómico animador, do outro lado do Atlântico. A inflação na economia dos Estados Unidos surpreendeu ao desacelerar para 2,7% em termos homólogos em novembro (após 3,0% em outubro e contra a expetativa que apontava para 3,1%). Um fator que funcionou como catalisador para o setor tecnológico, que no mesmo dia registou finalmente ganhos em Wall Street.Noutros mercados, a energia esteve em destaque durante toda a semana. Tanto o Brent como o WTI (negociados, respetivamente, no Reino Unido e nos EUA) mantiveram a tendência de queda, fruto de uma oferta disponível que supera a procura existente, a par de um acordo de paz na Ucrânia parecer próximo. Assim sendo, o preço do barril desceu, em ambos os casos, para níveis que não eram atingidos desde o primeiro trimestre de 2021, quando o pico da pandemia provocou uma queda drástica na procura. A marcar a agenda estiveram também dois minérios, em forte alta. Os futuros de ouro, visto pelos mercados como ativo de refúgio, voltou a beneficiar dos fatores de incerteza e aproximou-se dos máximos históricos. Uma subida de 0,2%, perto das 16h45 de quinta-feira levou as negociações até aos 4.366 dólares por onça, perto do máximo de 4.381 dólares, atingido a 20 de outubro. Por outro lado, os futuros de prata repetiram os máximos históricos já alcançados repetidamente nos últimos meses, ao superarem os 67 dólares por onça nas negociações, antes de recuarem novamente na quinta-feira. Olhando aos ativos financeiros mais negociados, está entre os que desempenham melhor performance, na medida em que valorizou cerca de 116% desde o início do ano. Só desde o início de dezembro, regista-se uma valorização próxima de 12%, que demonstra uma notória euforia dos mercados..Regressam os receios sobre 'bolha' na IA. Oracle cai 11% em bolsa após resultados e setor acompanha