Míldio e outras doenças fazem prever vindima 8% mais curta

Previsão de colheita do Instituto da Vinha e do Vinho antecipa uma produção de 6,9 milhões de hectolitros na próxima campanha, com uma quebra generalizada em quase todas as regiões. Beira Interior, Trás-os-Montes e Algarve esperam subidas, Távora-Varosa deverá manter-se igual.
Míldio e outras doenças fazem prever vindima 8% mais curta
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O Instituto da Vinha e do Vinho estima que a próxima vindima seja mais curta do que a do ano passado. De acordo com a previsão de colheita divulgada no site do IVV, a produção de vinho esperada na campanha 2024/2025 é de 6,9 milhões de hectolitros, o que corresponde a um decréscimo de 8% face ao ano passado. Uma quebra esperada em praticamente todas as regiões, com exceção da Beira Interior, Trás-os-Montes, Algarve e Távora-Varosa.

"De um modo geral, a instabilidade meteorológica durante o ciclo vegetativo da videira favoreceu o desenvolvimento de doenças, destacando-se o míldio. As condições climáticas até a vindima, especialmente o risco de escaldão, ainda serão determinantes para a quantidade e qualidade da colheita", sublinha o IVV, que dá ainda conta que, a verificar-se a previsão, esta campanha registará um volume semelhante à média das últimas cinco vindimas.

Lisboa e Alentejo são as regiões que apresentam maiores descidas em volume, o que, em ano com níveis elevados de excedentes nas adegas, poderá não ser uma má notícia. Recorde-se que o Governo conseguiu convencer Bruxelas a conceder 15 milhões de euros para uma destilação de crise, a quarta em cinco anos.

Lisboa espera uma produção de 1,308 milhões de hectolitros, 231 mil a menos do que no ano passado, enquanto o Alentejo aponta para uma produção total de 1,110 milhões de hectolitros, 123 mil abaixo do ano passado. Em termos percentuais, são quebras de 15% e de 10%, respetivamente. Em Lisboa foram os ataques de míldio e oídio a fazer estragos, no Alentejo, depois do míldio, foram as elevadas temperaturas, acima dos 35 graus, em maio, junho e julho, que causaram escaldão e desidratação das uvas.

O Douro prevê uma produção total de 1,484 milhões de hectolitros, menos 5% do que na vindima passada, ou seja, menos 78 mil hectolitros. Também aqui "alguns episódios de míldio tardio e mais recentemente algum escaldão" ajudam a explicar a redução.

A Região dos Vinhos Verdes antecipa uma quebra de 5%, correspondente a menos 46 mil hectolitros, ficando-se pelos 878 mil hectolitros, fruto de um aumento da incidência de míldio mas também de black rot. As baixas temperaturas em maio provocaram um atraso na floração, o que "originou problemas de bagoinha e desavinho".

Tejo e Península de Setúbal estimam também uma quebra de 5%, para produções totais este ano de 722 mil e de 560 mil hectolitros respetivamente, por efeito, também, de ataques de míldio.

Tanto no Dão como na Bairrada as quebras esperadas são de 15%, para uma produção total de, respetivamente, 239 mil e de 213 mil hectolitros. Na primeira, devido a míldio e a desavinho, na segunda foi o míldio e o oídio a fazerem estragos, sobretudo em abril.

Madeira e Açores antecipam quebras similares, em termos percentuais, para uma produção esperada de 33 mil e de sete mil hectolitros, respetivamente. 

Távara-Varosa prevê uma vindima equivalente à do ano passado, com uma produção total de 52 mil hectolitros de vinho. A Beira Interior espera um aumento de 15%, passando de 186 mil para 214 mil hectolitros, enquanto Trás-os-Montes antecipa um aumento de 8%, passando de 101 para 109 mil hectolitros este ano. A baixa precipitação e as baixas temperaturas entre abril e junho limitaram as infeções de míldio em Trás-os-Montes. 

Por fim, no Algarve, a produção deverá crescer 7%, impulsionada pela entrada em produção de novas vinhas, para 18 mil hectolitros.

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