Uma semana depois da grande excitação com uma solução impensável para o novo aeroporto de Lisboa, aguardada há 50 anos e revogada em menos de 24 horas, não se passa nada. O novo líder do PSD está em funções e Costa quer ouvir a sua opinião, mas há que refletir sobre a questão e em tempos de quase férias ninguém quer perder tempo com assuntos sérios e cuja resolução já vem com décadas de atraso. Afinal, o que são mais umas semanas para desbloquear um tema estrutural para uma área tão importante para o PIB português como é o turismo?
Também nada há para ver na saúde, agora que o Novo Estatuto do SNS foi aprovado. Os problemas persistem, claro, quando não pioraram, mas sempre há perspetivas de criação de uma nova comissão e de uma nova estrutura de chefia para a qual o governo há de nomear dirigentes para organizar e dar mais autonomia aos serviços de saúde. Repito: para resolver problemas de organização dos hospitais e dar independência aos seus gestores, que estão presos à tutela, vamos introduzir uma nova chefia, dependente da tutela, à qual vão responder.
Mas se este "esforço" acrescido do governo para resolver os problemas na saúde, como lhe chamou Marta Temido, resultar, o verão de 2023 está salvo. Se não houver mais caos pandémico no inverno, deve dar tempo, considerando que se espera que a concretização da estrutura aconteça lá para o outono. E até lá, temos tudo para sobreviver neste verão. É só não comer bacalhau à Braz, como aconselhou a diretora-geral de Saúde, e em caso de emergência ir consultando a lista que atualiza diariamente os serviços que estão fechados para que quem tenha um problema de saúde não bata com o nariz na porta do hospital mais próximo e se dirija logo para uma unidade que esteja aberta, mesmo que seja a muitas dezenas de quilómetros.
Pelo caminho, até pode ver pela janela do carro os agricultores que já arrancam cabelos porque estão desde abril à espera das ajudas que o governo lhes garantiu para sobreviverem à crise brutal e à inflação que pegou fogo à economia e continuarem a levar-nos a comida à mesa. Adiada a chegada da verba pelo terceiro mês consecutivo, talvez alguns deles estejam já prontos para se despedir do campo e ir tentar a sorte noutras paragens, onde sejam mais valorizados, ou simplesmente respeitados. Outros se lhes seguirão, neste êxodo rumo a onde possam viver e voltar a ter perspetivas de futuro.
Imune a todas as maleitas, Costa sorri e segue à frente do cortejo socialista, indiferente às vozes de todos os que ainda nesta semana aproveitaram para o censurar à boleia de uma moção chumbada à partida. Também ele já vai sonhando com o seu melhor amanhã.