A National Aviation Services (NAS), empresa do Koweit de serviços de logística de aviação, ganhou o concurso lançado pelos administradores de insolvência para a compra da Groundforce, apurou o Dinheiro Vivo. A decisão foi comunicada esta quinta-feira durante uma reunião de assembleia de credores e entretanto confirmada pela Groundforce em comunicado.
O player mundial em serviços de aviação deverá adquirir a participação de 50,1% da Pasogal de Alfredo Casimiro, o anterior dono da Groundforce. Os detalhes do negócio ainda não são conhecidos pelo que é possível que a NAS possa vir a ficar com a totalidade do capital.
Os sindicatos representativos dos trabalhadores ficaram satisfeitos com a escolha da TAP. A NAS tem mantido conversações com os dirigentes sindicais, sendo que, informalmente, assumiu que iria aumentar os salários.
Agora vão iniciar-se as negociações entre os administradores de insolvência, Bruno Costa Pereira e Pedro Pidwell, e a NAS, uma vez que o plano de recuperação da Groundforce ainda não foi aprovado. Este processo está pendente da decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre o recurso de Alfredo Casimiro contra a insolvência da empresa de assistência em escala que foi decretada pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa há quase um ano, a 3 de agosto de 2021. Este é o segundo e o último recurso submetido por Casimiro. A 22 de março, o Tribunal da Relação de Lisboa já tinha rejeitado o pedido do anterior patrão da Groundforce.
Contra todas as expectativas, a Swissport, perdeu a corrida à aquisição da Groundforce. Há um mês, a empresa suíça de serviços de assistência chegou a contratar uma empresa de comunicação e convidou jornais económicos de Portugal, entre os quais o Dinheiro Vivo, para conhecer as suas instalações em Zurique. Na altura, o CEO, Warwick Brady, mostrou-se bastante confiante com o negócio: "Acreditamos que a Swissport pode ser um parceiro de longa duração para Lisboa. Temos a experiência, os acionistas e o capital para investir bem como uma visão de longo prazo para gerir o negócio". E admitiu que, além dos 50,1% da Pasogal, também gostaria de adquirir a participação de 49,9% detida pela TAP, assumindo, assim a totalidade do capital.
A NAS é uma empresa privada controlada a 100% pela Agility Public Warehousing Company. Está cotada na Bolsa do Koweit com uma capitalização de 7 mil milhões de dólares. Líder em serviços aeroportuários no Koweit (75% do mercado) e na Índia, a NAS tem presença no Médio Oriente e África (Uganda, Quénia, Marrocos, Costa de Marfim e, entre outros, África do Sul) e está em dois países de língua portuguesa, Moçambique e Guiné-Bissau. Está agora a entrar na Europa, onde já chegou a acordo para a compra da histórica empresa de logística europeia Menzis.
Baseada no Koweit, a NAS faz os serviços comuns de uma empresa de handling de aeroportos: check-in de passageiros, carga, serviços VIP e, entre outros, tratamento de bagagem e lounge de aeroportos.
A lista final de créditos reconhecidos na insolvência da Groundforce contabiliza 2664 credores e um valor total reclamado de 136,2 milhões de euros, segundo avançou o jornal Público. Porém, 89,38 milhões dizem respeito a créditos de trabalhadores sob condição, que correspondem a indemnizações por cessação do contrato de trabalho, subsídios de férias e férias não gozadas que apenas teriam de ser pagos caso a Groundforce fosse encerrada. O que não é o caso, uma vez que o objetivo é avançar com o plano de recuperação da empresa, o que significa que dois terços da dívida reclamada ficará sem efeito, tal como noticiou o Eco.
Neste momento, a Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e 49,9% pelo grupo TAP e emprega cerca de 3300 trabalhadores. Recorde-se que está em curso o plano de reestruturação da companhia aérea, que prevê uma ajuda estatal global de 3,2 mil milhões de euros. O plano foi aprovado pela Comissão Europeia sob condição de a TAP vender a sua participação na Groundforce. O negócio de catering - Cateringpor - também tem de ser alienado assim como o de manutenção no Brasil - M&E Brasil -, atividade que já foi encerrada há cerca de dois meses, em maio.
(Notícia atualizada às 18h24)