Dune: Awakening, o novo videojogo da norueguesa Funcom, vendeu mais de um milhão de unidades logo no primeiro mês em que chegou ao mercado. Rui Casais, o português que lidera, desde 2015, a empresa com escritórios em Oslo, Estocolmo, Bucareste, Carolina do Norte e Lisboa, garante que “foi o melhor lançamento de sempre da Funcom”. O jogo chegou em junho e o CEO aguarda agora “novos números”, embora reconheça que a atual situação económica global está a gerar alguma cautela no consumo. Certo é que a produção deste videojogo teve mão nacional.A equipa de Lisboa, constituída por 81 pessoas (60 portugueses e 21 estrangeiros, de 13 nacionalidades), “foi fundamental para a criação de vários elementos do jogo”, afirma Rui Casais. Como explica, a equipa trabalhou tanto ao nível das funcionalidades e dos sistemas de construção, sociais e de rede, como em conteúdos e arte para ambientes, personagens, edifícios e animações. E o trabalho “está longe de estar terminado”. A empresa vai continuar a procurar melhorar o jogo e a manter, o mais possível, a sua atratividade para os jogadores.O Dune: Awakening é o segundo videojogo da Funcom do universo Dune, de Frank Herbert. Depois do Dune: Spice Wars, a empresa aposta num jogo de sobrevivência multijogador de grande escala, que decorre no planeta Arrakis. Segundo descrição de Rui Casais, “os jogadores devem enfrentar o sol escaldante, tempestades de areia mortais e vermes da areia omnipresentes”. Vão poder criar “de tudo, desde armas e armaduras a veículos terrestres e ornitópteros, enquanto avançam em poder pessoal e político”. Os jogadores podem também aliar-se aos Atreides ou aos Harkonnen para participar em atividades que influenciem o mundo partilhado.A Funcom chegou a Portugal em 2019, através da aquisição da ZPX, empresa com a qual já tinha um histórico de colaboração. De acordo com o responsável, essa interligação serviu “para validar o talento e a qualidade dos profissionais portugueses e apostar, com toda a confiança na criação do estúdio de Lisboa”. A escolha teve também em conta a evolução do país “na formação nesta área, com cursos de Engenharia Informática historicamente sólidos, que preparam alunos capazes de integrar e destacar-se no setor, especialmente após alguma experiência e formação complementar”, aponta. Os portugueses também dominam o inglês e comunicam com facilidade com colegas de outras nacionalidades, o que facilita “a colaboração num processo criativo como o desenvolvimento de videojogos”, acrescenta. Para Rui Casais, a opção pelo mercado português teve também em atenção a maior facilidade em atrair especialistas internacionais e, diz, “a vantagem de podermos reter talento no país, fazendo com que vários jovens não tenham de emigrar para viver o sonho de trabalhar nesta área”.O escritório português permitiu ainda o regresso de “vários portugueses” à terra natal, uma vez que “passaram a ter projetos à dimensão das carreiras internacionais de destaque que conseguiram atingir”, salienta. Além dos 81 colaboradores, o estúdio de Lisboa é responsável por mais 45 pessoas, de 15 países.A Funcom, que no total emprega mais de 500 trabalhadores, tem nos EUA, Reino Unido, Alemanha, França e Canadá os seus principais mercados. Portugal “ é relativamente pequeno”, diz o responsável. A nível global, este setor tem um potencial de 3,4 a 3,6 mil milhões de jogadores (estimativas de 2024), revela Rui Casais. Ainda assim, não é imune às conjunturas. Segundo afirma, durante os anos da pandemia, registou-se um aumento das vendas - estava-se muito em casa e era também uma forma de escapar à realidade -, depois veio um momento de contração e, agora, há sinais de novo crescimento.No entanto, o quadro global está a ter impacto neste negócio. Como adianta, as vendas deste novo jogo “estão a decorrer dentro das expectativas”, mas “não deixamos de notar o impacto negativo da situação económica mundial”. A Funcom não revelou a faturação de 2024, nem as previsões para este ano. .Riopele integra consórcio para desenvolver nova geração de fardas militares.Corrida de Portugal aos milhões das gigafábricas de dados ensombrada por Espanha