Num terreno em Avintes, Vila Nova de Gaia, o atelier de arquitetura Segmento Urbano reorganizou a malha construtiva, melhorou o rácio de área útil e criou um conceito arquitetónico e de mercado distinto, que se refletiu numa valorização de 50% do projeto, conta Maria João Correia, fundadora do gabinete com escritórios no Porto, Lisboa e Luanda (Angola). Como explica, “o terreno apresentava um enquadramento urbanístico complexo”, mas através da metodologia Land Staging foi possível reposicionar o ativo. O Avintes Valley Living apresentou-se ao mercado com uma proposta de habitação contemporânea e em harmonia com o terreno, diz. Anteriormente, o Segmento Urbano debruçou-se sobre um lote em Famalicão, “sem identidade arquitetónica” e transformou o terreno no projeto imobiliário Roots & Wings, garantindo uma valorização superior a 15%. A reinterpretação do espaço sob as lentes do Land Staging demonstrou que a arquitetura pode ser “o ponto de partida para o valor económico”, defende o atelier. Segundo a arquiteta, a valorização dos projetos de Avintes e Famalicão prenderam-se com as decisões estratégicas tomadas antes do investimento, ou seja, “o redesenho de tipologias, a otimização de áreas úteis e a clarificação do potencial construtivo”. Esse trabalho permitiu “eliminar incertezas, definir os procedimentos urbanísticos e gerar confiança junto de investidores e compradores”, frisa.Dentro do mesmo conceito, o atelier transformou um lote em Viana do Castelo de geometria indefinida e baixa apetência de mercado numa proposta de duas moradias unifamiliares. Em estudo, está um terreno de 1500 metros quadrados na Madeira. Também aqui o objetivo é “transformar um ativo desordenado num produto coerente e desejável, pronto para reentrar no mercado com valor”.Como conta Maria João Correia, “tive a sorte de me perguntarem muitas vezes ‘O que dá para fazer aqui’ e ‘Quanto custa?’”, e ao mesmo tempo “assisti a projetos que começavam pelo fim, descurando completamente o início”, a leitura estratégica do terreno. E foi dessa experiência do terreno que surgiu a ideia de “criar uma metodologia que valoriza o solo antes da construção, transformando o terreno num ativo estratégico, sustentável e emocionalmente relevante”. O Land Staging está registado em Portugal desde agosto, com extensão internacional através do Protocolo de Madrid, abrangendo a União Europeia, o Reino Unido, os Estados Unidos e a Suíça. Para a arquiteta, o conceito pode ser replicado noutras geografias. Afinal, “a valorização estratégica de terrenos é uma necessidade universal” e “o método adapta-se facilmente a diferentes realidades urbanísticas e culturais”.Mas, afinal, como se aplica o método Land Stating a ativos imobiliários? “O ponto de partida é sempre o território”, no objetivo de “traduzir o potencial de cada terreno em valor real”, frisa a arquiteta e fundadora do Segmento Urbano. O processo inicia-se pela fase do estudo do terreno (leitura técnica, legal e estratégica), seguindo-se a criação (transformação da análise do lote em cenários concretos de uso, imagem e valor) e entrega (estruturação do modelo de negócio, narrativa e posicionamento para o mercado). Para Maria João Correia, o método resulta num “ativo com identidade clara, viabilidade comprovada e maior atratividade para investidores, promotores ou compradores”.Neste trabalho, está envolvida uma equipa multidisciplinar. Como diz a responsável, “o Land Staging integra arquitetura, engenharia, economia, urbanismo, paisagismo e comunicação estratégica”. Isto porque, “a criação de valor num terreno não depende apenas do desenho, mas da leitura integrada de todas as suas dimensões”, defende. Na sua opinião, “cada disciplina acrescenta uma lente distinta: a arquitetura revela o potencial espacial; a engenharia garante a viabilidade técnica; a economia define o caminho de rentabilização; o urbanismo assegura o enquadramento e a sustentabilidade; e a comunicação transforma esse potencial numa narrativa clara para o mercado”. No atelier Segmento Urbano, criado há quase duas décadas, trabalham 26 pessoas, apoiadas por cerca de 10 colaboradores em outsourcing. .Exportações valem 70% do negócio das conserveiras, mas o país importa 50% do que consome.Norte assegurou até agora quase metade do valor investido em imobiliário no país