A descida das taxas de juro e os apoios aos jovens na compra da primeira habitação são os fatores-chave que estão a impulsionar a atividade das agências imobiliárias. O primeiro semestre ficou marcado por um crescimento das transações nas principais redes a operar no país. E a segunda metade do ano também se apresenta auspiciosa para o negócio de compra e venda de casas. Mas a escassez de produto está a impedir uma melhor performance do setor.A Keller Williams (KW) registou "um aumento superior a 20% na faturação proveniente das vendas de imóveis" nos primeiros seis meses de 2025, revela Marco Tairum, CEO da marca. Como aponta, a procura ganhou um novo fôlego no início do ano, "impulsionada pela redução das taxas de juro, pelas medidas de apoio aos jovens na compra da primeira habitação e por uma maior confiança dos consumidores". E o cenário para o segundo semestre apresenta-se "positivo" para a marca. "Antecipamos que a dinâmica de vendas se mantenha robusta, sobretudo no último trimestre do ano, que historicamente é o mais ativo", afirma.A Re/Max contabilizou um crescimento de 9,3% no número de transações de compra/venda nos primeiros seis meses de 2025. Segundo Manuel Alvarez, presidente da rede imobiliária, esse aumento foi mais intenso nas moradias do que nos apartamentos. "Os nossos índices de procura de habitação aumentaram no primeiro semestre e são esperados mais aumentos neste segundo semestre", diz o responsável. Com isto, é esperada uma subida nas vendas, mas mais limitada "devido a uma persistente escassez da oferta", aponta.Como frisa Manuel Alvarez, "não são vendidas mais casas em Portugal, porque não há tantas disponíveis que agradem uma procura sempre intensa". Um movimento favorecido por "um decréscimo das taxas de juro e relativamente baixos índices de desemprego", lembra. Ora, este desfasamento entre a procura e a oferta, que "se manterá", irá repercutir-se em mais subidas nos preços das casas, conclui o responsável. Também Marco Tairum admite a continuação da tendência de valorização das habitações no país, em especial nos imóveis até 450 mil euros, faixa que beneficia mais diretamente dos incentivos à compra. Recorde-se que os jovens até aos 35 anos podem aceder a uma garantia pública na compra da primeira habitação, desde que o valor não ultrapasse os 450 mil euros. .Preço das casas sobe 12% com oferta a cair 8% .Na primeira metade deste ano, a Zome registou um crescimento de 25% em número de transações face ao período homólogo e ultrapassou os cinco mil negócios fechados, revela Carlos Santos, CEO da marca. O volume de transações foi superior a mil milhões de euros, num quadro já sem novidade. Como diz, "a procura manteve-se muito dinâmica neste primeiro semestre, mesmo num contexto de menor stock e de subida de preços". Ainda assim, foi "um primeiro semestre histórico". E, por isso, as perspectivas da Zome são de um crescimento de 15% até ao final do ano. Mas "a pressão sobre os preços vai manter-se, sobretudo nas casas usadas, devido à escassez de oferta e ao nível de procura consistente", alerta Carlos Santos.Ricardo Sousa, CEO da Century 21, traça o mesmo cenário: "O primeiro semestre de 2025 confirma uma tendência já registada nos últimos anos, em que o ritmo de venda das casas é mais acelerado do que a colocação de novos imóveis em venda.” Na Área Metropolitana de Lisboa, a Century assistiu a um aumento de 26% na venda de casas novas e de 29% nas usadas. No Grande Porto, registou um crescimento de 8% nos imóveis novos e de 19% nos existentes. No Algarve, as vendas de casas novas cresceram 14%, enquanto as usadas tiveram um aumento de 35%. Foram negócios impulsionados “pela maior disponibilidade de crédito, pela descida gradual das taxas de juro – que reduziu a taxa de esforço na aquisição de habitação –, pela solidez do mercado de trabalho”, justifica Ricardo Sousa.Para este segundo semestre, a Century prevê um abrandamento no ritmo de crescimento das vendas face ao início do ano, mas uma trajetória positiva. Segundo Ricardo Sousa, “as oportunidades continuarão a surgir, em particular, nas periferias das grandes cidades e em centros urbanos de média dimensão, onde a oferta se mantém mais alinhada com a capacidade financeira das famílias”.Já a Era “está a crescer acima do mercado, com um aumento de 23% no número de clientes compradores face ao período homólogo de 2024, enquanto o mercado cresceu menos de 10%”, sublinha Rui Torgal, CEO da rede. E as expetativas quanto ao segundo semestre do exercício são de “contínuo crescimento nas vendas”, sustentado pela dinâmica da procura.No ano passado, foram vendidas 156.325 casas (79,6% usadas), um aumento de 14,5% face a 2023. O valor das transações atingiu os 33,8 mil milhões de euros, mais 20,8%, num ano em que o índice de preços da habitação subiu 9,1%. Já no primeiro trimestre deste exercício (as últimas estatísticas oficiais), foram compradas 41.358 imóveis residenciais (79,8% usadas), mais 25% que em idêntico período de 2024. Estas operações movimentaram 9,6 mil milhões de euros, o que traduz um incremento de 42,9% face ao mesmo trimestre de 2024. Neste período, os preços subiram 16,3% face ao homólogo. .Ícones mundiais da moda de luxo estreiam-se no imobiliário em Portugal .Promotora de luxo quer construir para a classe média, mas só consegue com redução do IVA para 6%