Gigante japonês associa-se ao Iscte no maior banco de testes de fibra ótica multi-núcleo do mundo

O Iscte está confiante que o banco de ensaios terrestre "transformará Portugal num centro mundial de telecomunicações óticas". Projeto está a atrair grupos como AT&T, Deustche Telekom ou Vodafone.
O projeto do Iscte implica um investimento superior a 2,3 milhões de euros.
O projeto do Iscte implica um investimento superior a 2,3 milhões de euros.PAULO SPRANGER / GLOBAL IMAGENS
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O NICT - Instituto Nacional de Tecnologia de Informação e Comunicação do Japão vai assinar, este mês, um protocolo com o Iscte para, a partir de 2026, testar, em conjunto com a universidade portuguesa, o maior banco de testes de fibra ótica multi-núcleo do mundo, que está a ser instalado na Linha Amarela do Metropolitano de Lisboa.

“É o primeiro grande gigante tecnológico mundial a formalizar a sua participação nos testes que vão ser realizados pelo Iscte no Metropolitano de Lisboa para, pela primeira vez, analisar o desempenho da transmissão de dados através de uma nova geração de fibras óticas multi-núcleo em condições reais, replicadas pelo ambiente adverso de uma linha de metro”, sublinha Jorge Costa, vice-reitor do Iscte para a Investigação, em comunicado.

O NICT é uma agência pública tutelada pelo governo japonês para a pesquisa e desenvolvimento especializado em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Já este ano, foi responsável por quebrar o recorde mundial de velocidade de internet usando fibras óticas, atingindo 1,02 petabits por segundo – o equivalente a baixar todo o catálogo da Netflix em menos de um segundo, diz o comunicado.

Yoshinari Awaji, do NICT, considera que o banco de testes do Iscte oferece uma oportunidade única para testar fibras óticas multinúcleo em larga escala num ambiente subterrâneo realista como o do Metropolitano de Lisboa. O responsável nipónico acredita que estes testes “vão acelerar a descoberta de novos conhecimentos científicos” e “o desenvolvimento de novas fibras e equipamentos relacionados para aplicações práticas relevantes”.

Segundo a nota enviada às redações, 99% da transmissão mundial de dados, cruzando continentes e oceanos, é atualmente feita em cabos com fibras óticas de um só núcleo. No entanto, o testbed que o Iscte está a instalar na linha Amarela do Metropolitano de Lisboa tem um cabo com 74 fibras óticas multi-núcleo: 64 delas com quatro núcleos e dez fibras com sete núcleos, totalizando 326 canais de transmissão de dados.

Como as fibras estão ligadas entre si, será possível atingir os 728 quilómetros com o mesmo tipo de fibra, o que representa 28 voltas completas ao longo de 26 quilómetros de anel, uma vez que a Linha Amarela tem 13 quilómetros entre a estação do metropolitano em Odivelas e a estação do Largo do Rato. Os testes e demonstrações de transmissão de dados serão coordenadas pelo Iscte.

O projeto implica um investimento global de 2,3 milhões de euros, do qual 588 mil euros são provenientes do Programa Lisboa 2030, 900 mil euros da Fundação Calouste Gulbenkian e o restante de verbas próprias do Iscte.

A instalação do cabo ficará concluída antes do final de 2025, com os testes operacionais a decorrerem durante todo o ano de 2026.

Como adianta Jorge Costa, “este banco de ensaios terrestre transformará Portugal num centro mundial de telecomunicações óticas, atraindo investimentos em tecnologias de comunicação, em Inteligência Artificial e em transformação digital”.

Segundo assegura, “o Iscte e o país já estão a atrair investigadores de todas as partes e produção científica de alta qualidade, assim como o interesse de investimento de operadoras globais como a norte-americana AT&T, a Deustche Telekom ou a Vodafone, que estão em fase de investimento para aumentar a capacidade das suas redes: tudo isto significa empregos altamente qualificados que vão ter a sua sede em Lisboa”.

Gigantes como a Google ou a Meta virão também a Lisboa para testarem produtos novos adaptados ao aumento de capacidade proporcionado pelas fibras multi-núcleo.

“Ao combinarmos investigação aplicada com a sua validação em contexto real, criamos um espaço único para a colaboração entre a indústria, a universidade e centros tecnológicos”, sublinha Jorge Costa.

O ponto de partida das fibras é o edifício 2 do Iscte, onde está o laboratório de monitorização dos testes. As fibras seguem para um respirador do metro junto ao campus do instituto, o qual liga diretamente aos túneis do Metropolitano de Lisboa. É aí que as fibras estão a ser estendidas entre Odivelas e o Largo do Rato.

O banco de ensaios do Iscte tem ainda como parceiros o Metropolitano de Lisboa, a Telcabo, empresa portuguesa instaladora do cabo de fibra multi-núcleo, o grupo italiano Tratos Cavi, responsável pelo cabo que envolve as fibras multi-núcleo, e os alemães da Heraeus, a fabricante das fibras.

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