A escalada do preço do ouro e as novas tarifas que a administração Trump instituiu à entrada de artigos de joalharia europeus nos EUA deverá impactar negativamente o negócio das empresas portuguesas do setor em 2026. Só nos últimos doze meses, o custo do grama de ouro subiu quase 34%, para 102,2 euros. Já este ano, os EUA decidiram agravar a taxa aduaneira às importações, que já há vários anos era de 5%, para 20%. São fatores que elevam (e muito) o custo das joias e artigos em ouro, e põem em risco as vendas do setor, que responde por um volume de negócios anual na ordem dos mil milhões de euros.“São aumentos consideráveis e vai ficar com certeza mais difícil vender para os EUA”, diz João Faria, presidente da Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal (AORP) e também CEO da Farilu Joalharias, empresa que assegura 10% da faturação no mercado norte-americano. Na sua opinião, o impacto começará a sentir-se a partir do final deste ano, com especial incidência no próximo. Para este ano, “as encomendas estão feitas e não foram canceladas”, afirma. Nos próximos meses é de esperar que os clientes norte-americanos procurem outros parceiros com taxas mais baixas, admite. Ainda assim, acredita que critérios como o serviço, a sensibilidade, a mão de obra e, também, o preço irão pesar na decisão. É um desafio para a indústria e para o comércio de ourivesaria português, tendo em conta que os EUA são o maior mercado mundial de retalho do setor. A subida do preço do ouro também não dá sinais de abrandar. A instabilidade geopolítica, os conflitos militares, as políticas económicas e financeiras, entre outros fatores, têm elevado o valor deste metal. E, como sublinha João Faria, “não há histórico de descida abrupta do preço do ouro”. Neste contexto, as três mil empresas do setor (entre fabricantes, retalhistas e armazenistas) têm de se preparar para “um 2026 difícil”. Portugal é o principal mercado, com um peso de 70% na faturação do sector, mas também é um país onde o factor preço tem um significativo peso nas decisões de compra, França, Suíça, Bélgica e EUA são os principais compradores externos. É neste contexto que arranca, na próxima quinta-feira, a 34.ª edição da PortoJóia, feira que reunirá fabricantes, marcas, designers e retalhistas até dia 28 de setembro, na Exponor, em Matosinhos. O evento irá voltar a contar com a presença das oficinas do CINDOR - Centro de Formação Profissional da Indústria da Ourivesaria e Relojoaria, o que permitirá ao visitante assistir e participar em demonstrações ao vivo de técnicas tradicionais como a filigrana, a cravação e a cinzelagem. Será também uma montra do trabalho que estes futuros técnicos irão executar em ambiente de fábrica e, até, de sensibilização para esta arte. É que a falta de mão-de-obra no setor é também um desafio. Como sublinha João Faria, “a quantidade de pessoas que se formam nas escolas especializadas não chega. Há uma clara dificuldade na contratação de técnicos. A indústria absorve todos os recursos humanos”. O certame, que se afirma como o maior evento de joalharia, ourivesaria e relojoaria do país, contará ainda com as PortoJóia Talks, espaço de debate e reflexão sobre as grandes tendências e desafios da indústria, e com a entrega do Prémio Best Of, que distingue o aluno revelação e promove o talento jovem. Todos os dias realiza-se um workshop de lapidação. Destaque para a presença da designer autista Mónica Maia, com a sua marca MonicaFofi. .Procura de casas por estrangeiros foca-se agora nas pequenas cidades .Alentejo vê nascer primeira aldeia regenerativa da Europa financiada com 'tokens'