Testamento de Giorgio Armani manda vender o império da moda

Sem filhos e com uma império avaliado entre os cinco mil e os 12 mil milhões de euros, "Rei Giorgio" referiu no testamento que a prioridade deve ser dada a LVMH, L'Oréal e EssilorLuxottica.
O falecido estilista Giorgio Armani
O falecido estilista Giorgio ArmaniFOTO: EPA/DANIEL DAL ZENNARO
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O estilista italiano Giorgio Armani, que morreu há pouco mais de uma semana, instruiu os seus herdeiros a venderem gradualmente o império da moda que criou há meio século, a um de três grandes grupos ou a procurarem uma boa oferta de mercado, indica o testamento do próprio, citado pela Reuters.

Sem filhos e com uma império avaliado entre os cinco mil e os 12 mil milhões de euros, "Rei Giorgio" referiu no testamento que a prioridade deve ser dada ao conglomerado de luxo LVMH, à gigante da beleza L'Oréal, à líder em óculos EssilorLuxottica, ou a outro grupo de "equivalência" identificado por uma fundação que o estilista criou para preservar o seu legado com o consentimento do parceiro de negócios e de vida, Pantaleo Dell'Orco.

Todas as empresas mencionadas já declararam estar abertas à possibilidade de um acordo.

O falecido estilista Giorgio Armani
Morreu Giorgio Armani, famoso estilista italiano. Tinha 91 anos

A menção explícita de vendas de ações e de empresas cotadas em França como potenciais compradores foi uma surpresa, dada a recusa persistente de Armani em diluir o seu controlo ou em cotar o seu grupo de moda.

A LVMH, controlada pelo bilionário francês Bernard Arnault, disse que se sentia honrada por ser nomeada como potencial parceira.

"Giorgio Armani honra-nos ao nomear-nos como um potencial parceiro para a excecional casa de moda que construiu. Se trabalharmos em conjunto no futuro, a LVMH estará empenhada em reforçar ainda mais a sua presença e liderança em todo o mundo", disse Arnault em comunicado.

A EssilorLuxottica, controlada pelos herdeiros do empresário italiano Leonardo Del Vecchio e com laços comerciais com a Armani, assim como o rupo francês de cosméticos L'Oréal, que mantém um acordo de licenciamento com o grupo Armani até 2050, também manifestaram abertura para o negócio.

Alguns analistas consideram que, por ter um valor de mercado de 240 mil milhões de euros e uma reputação de ser um investidor minoritário paciente e solidário, a LVMH poderá acabar por prevalecer.

O testamento, composto por dois documentos arquivados em cartório em março e abril, respetivamente, e citados pela Reuters, estabelece que os herdeiros devem vender uma participação inicial de 15% na casa de moda italiana no prazo de 18 meses após a morte de Armani. Posteriormente, deverão transferir uma participação adicional de 30% a 54,9% para o mesmo comprador, três a cinco anos após a morte do estilista.

Em alternativa à venda da segunda parcela de ações, deve ser realizada uma oferta pública inicial em Itália ou num mercado de igual prestígio, afirma o testamento.

Este tipo de instruções é vinculativo e pode ser contestado judicialmente se não for cumprido, segundo a associação italiana de notários.

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