Nova Iorque procura salvar honra do império Red Bull

Esperança na final de hoje da liga dos EUA contrasta com a crise dos outros clubes do grupo, na Alemanha, na Áustria, no Brasil. Jürgen Klopp, recém-contratado, fica com a batata quente.
Benjamin Sesko, jogador do RB Leipzig, um dos clubes do universo Red Bull. Foto: Axel Heimken / AFP
Benjamin Sesko, jogador do RB Leipzig, um dos clubes do universo Red Bull. Foto: Axel Heimken / AFP
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Quem consultar a classificação da nova Liga dos Campeões verá o Liverpool, firme, em primeiro, depois o Inter e o Barcelona. Se descer um bocadinho terá o Sporting, ainda em 10º, apesar da goleada sofrida pelo Arsenal, e, em 14º, um Benfica em recuperação após triunfo no Monaco. Só mais abaixo estão os dececionantes Manchester City, em 17º, e Real Madrid, em 24º. Mas lá em baixo, lá em baixo mesmo, moram o Red Bull Salzburg, atual 32º, e o RB Leipzig, 34º e antepenúltimo, sem um pontinho ganho sequer.

O RB Leipzig, aliás, porta-estandarte do grupo multiclubes da Red Bull, já dista nove pontos do líder Bayern Munique na Bundesliga e vive a maior crise desportiva desde a fundação, em 2009, ou, pelo menos, desde a subida à elite, em 2016: não ganha há seis jogos, dos quais perdeu cinco, incluindo a mais pesada derrota caseira da história, por 5-1, com o Wolfsburg. O treinador Marco Rose está por um fio.

E o Red Bull Salzburgo está em sétimo lugar, mais perto da descida do que da liderança na Bundesliga da Áustria, o país original da bebida energética, depois de ter sido decacampeão (!) de 2014 a 2023. “Em meros 18 meses, o Red Bull Salzburg perdeu o domínio do futebol austríaco”, sentenciou o site Transfermarkt, que lista más escolhas de dirigentes, de treinadores e de plantel como causas para o descalabro. O valor do elenco, diz o site, caiu 20%. 

Entretanto, se mudarmos de continente, vemos o Red Bull Bragantino, que em 2023 lutou pelo título do Brasileirão até às rondas finais, sob as ordens do treinador português Pedro Caixinha, a definhar no antepenúltimo lugar da tabela, pronto a cair à Série B, apesar do razoável nível de investimento do clube em comparação com emblemas brasileiros mais tradicionais.
Sobra, para salvar a honra do império Red Bull, o New York Red Bulls que disputa hoje, com o Los Angeles Galaxy, a final da Major League Soccer, campeonato americano de futebol profissional, em Carson, na Califórnia, a casa do rival - e favorito.

E em 2021, o Leipzig era vice-campeão alemão, antes de nos dois anos seguintes conquistar duas taças seguidas do país, andava o irmão de Salzburg a festejar o tal 10º título consecutivo, um feito inédito, com larga folga, na Áustria, e o primo brasileiro a assustar Palmeiras, Flamengo, Botafogo e outros colossos... Há, então, crise no outrora desportivamente sólido grupo multiclubes da Red Bull?

Sim. E a crise surge logo depois de a Red Bull anunciar talvez a contratação mais impactante da história do grupo: o alemão Jürgen Klopp, ex-treinador de indiscutível sucesso no Liverpool, por nove anos, e do Borussia Dortmund, por sete. Antes crítico do modelo multiclubes, o treinador/dirigente vai ganhar como Diretor Desportivo Global da Red Bull, segundo o site beIN Sports, 12 milhões de euros por ano, uma fortuna, é certo, mas abaixo dos 22 milhões que auferia em Anfield.

É nele que Mark Mateschitz, herdeiro de 32 anos do império Red Bull, deposita, além de chorudo salário todos os meses, confiança. Mateschitz, diga-se de passagem, é, com 34,7 biliões de dólares ativos, o quarto dono de clube mais rico do mundo, só superado pelo saudita Mohammed bin Salman (Newcastle, Inglaterra), com fortuna avaliada em 1,4 triliões de dólares, pelo catari Tamin bin Al Thani (Paris Saint-Germain, França), com 335 biliões, e pelo francês François Pinault (Rennes, França), com 48,5 biliões.

Ah, mudando de assunto, na fórmula 1 parece que será a McLaren ou a Ferrari a ganhar o mundial de construtores, depois de dois anos de triunfos da Red Bull Racing Honda. 

NÚMEROS

Posição do Red Bull Salzburg, campeão austríaco dez vezes seguidas de 2014 a 2023, na Bundesliga local esta época

12

Milhões de euros por ano que Jürgen Klopp vai receber como Diretor Desportivo Global da marca

34,7

Valor, em biliões de dólares, da fortuna de Mark Mateschitz, dono da Red Bull

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