Esta semana tomou posse o novo Governo, com novos nomes em áreas de particular relevância para as empresas. Contudo, mais do que os nomes, verdadeiramente interessam as políticas que vão ser desenvolvidas..O Ministro que tutela a pasta da Economia - agora Ministério da Economia e do Mar - esteve na génese da "Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030" e, nesse sentido, tem já uma reflexão estratégica sobre os principais obstáculos e os desafios que o país e as empresas enfrentam. Recentemente, tive a oportunidade de transmitir a António Costa Silva muitos dos problemas que diariamente as empresas nos sinalizam, fortemente agravados pelos impactos da pandemia e do conflito internacional Rússia/Ucrânia, como é o caso da subida vertiginosa das matérias-primas energéticas e não energéticas..Os empresários esperam do novo Governo uma ação imediata e eficaz, que atenda rapidamente aos problemas conjunturais, sem esquecer os de ordem estrutural, como a reforma da Administração Pública, da Justiça e do Sistema Fiscal, que permita libertar recursos para a economia, nomeadamente através da redução da carga fiscal e da melhoria de vários fatores que condicionam o ambiente de negócios e tornam o nosso país menos competitivo..No ano passado, Portugal caiu duas posições no ranking do PIB per capita em paridades de poder de compra, entre os 27 países da União Europeia, para o 21.º lugar (19.º no ano pré-pandemia). No início deste milénio estávamos em 15.º. Para inverter a trajetória de empobrecimento relativo do nosso país, os empresários esperam que o novo Governo desenvolva políticas públicas ajustadas, que estimulem o aumento permanente da capacidade produtiva..A este propósito, vale a pena olhar para os alertas e os bons conselhos do Banco de Portugal no seu Boletim Económico de março: "Neste contexto, as respostas de política económica nacionais e europeias são cruciais para assegurar a manutenção de um crescimento sustentado. É importante que Portugal revele capacidade para absorver os recursos disponíveis do PRR e que estes se materializem num aumento permanente da capacidade produtiva. Para convergir com a União Europeia é também fundamental continuar a aumentar as qualificações da população e a produtividade"..Tal como o Banco de Portugal, também a AEP tem alertado neste sentido. Contudo, relembro, que isto só se consegue com uma forte articulação entre os vários ministérios, - uma "Task Force interministerial" para a melhoria da competitividade da economia portuguesa..Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP)