, Chama-se “radiologia de intervenção” e, em Faro, existe ainda a subespecialidade de neurorradiologia de intervenção, que “é das coisas mais importantes que aconteceram na Saúde do Algarve nos últimos 10 anos”. É assim que José Saraiva, responsável pela primeira subárea referida dentro do Serviço de Radiologia de Portimão e Lagos, define a significativa melhoria na deteção e tratamento de acidentes vasculares e AVC nesta região do país, graças à aquisição de equipamentos topo de gama com recurso a fundos europeus do programa CRESC Algarve 2020. Entre o Hospital de Faro, onde há 2 anos existe a equipa de Inês Gil, coordenadora da área de Neurorradiologia de Intervenção, e o Hospital de Portimão, que atua no resto do organismo e noutros órgãos que não o cérebro, as duas instituições complementam-se. Uma revolução que, em fundos da CCDR Algarve, representou pouco mais de um milhão de euros, mas que já se traduziu em muitas centenas de vidas e de transferências de pacientes algarvios que deixaram de se fazer para Lisboa ou Coimbra..As duas unidades são recentes nos hospitais algarvios. Enquanto a área de Neurorradiologia do Hospital de Faro iniciou funções em abril de 2022, a de Portimão completará o seu primeiro ano de funcionamento no próximo mês de junho. Pelo que se é difícil ao seu responsável, José Saraiva, ter números contabilizados, Inês Gil já conseguiu reunir alguns dados..Atual equipa de Neurorradiologia de Intervenção, fotografada através do vidro, no interior da sala de angiografia do Serviço de Radiologia do Hospital de Faro: (da esq. para a dta.) Francisco Ornelas Raposo, Inês Gil (coordenadora da Unidade) e Tiago Baptista. FOTO: D.R. / ULS Algarve.“A equipa é atualmente constituída por 3 neurorradiologistas de intervenção, 6 médicos anestesistas, 6 técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, 10 enfermeiros e 5 auxiliares de ação médica, já realizou mais de 300 estudos angiográficos, diagnósticos e terapêuticos, 80 dos quais correspondendo a casos emergentes de acidente vascular cerebral agudo.”.Se à neurorradiologia de intervenção concernem os AVC, aneurismas cerebrais, tromboses, etc., à radiologia interventiva de José Saraiva, como este explica, fica reservada o tratamento dos restantes vasos do corpo, incluindo tratamento emergente de hemorragias e de várias patologias benignas (varicocelos, miomas uterinos, etc...) e malignas ( por exemplo, quimioembolização de tumores do fígado)”. Para estas intervenções foram adquiridos, respetivamente, um angiógrafo biplanar Azurion e um outro angiógrafo digital, equipamentos tecnológicos de última geração que vieram revolucionar a prestação de serviços na Unidade Local de Saúde do Algarve..O angiógrafo digital do Serviço de Radiologia de Portimão/Lagos - também adquirido em parte com fundos europeus - permite fazer tratamentos emergentes de hemorrogias no organismo e de várias patologias benignas e malignas, como tumores nos pulmões ou no fígado, por exemplo. FOTO: D.R. / ULS Algarve.“O Algarve passa a poder oferecer tratamentos altamente diferenciados e minimamente invasivos à população, o que anteriormente estava vedado por inexistência de aparelhos, pesados e de elevado valor, que o permitissem, e que agora foi colmatada essa falha”, frisa José Saraiva..Inês Gil sublinha que, no caso da sua especialidade, “a patologia mais frequente e com mais impacto na sociedade será o AVC isquémico e, em menor frequência, o hemorrágico, ambos emergências médicas onde o tempo faz toda a diferença no prognósticos dos doentes. Um atraso na chegada destes cuidados de saúde irá aumentar a probabilidade de um desfecho desfavorável”: na pior das hipóteses, a morte; na melhor, “será a capacidade de recuperação dos deficits instalados. Tal recuperação implica a colaboração de outras equipas médicas, nomeadamente de Neurologia, Medicina Interna e Fisiatria, sendo um processo que demorará mais de seis meses, na maioria dos casos, para voltar à inserção na sociedade, obrigando não raras vezes a uma completa reestruturação nas famílias. É uma patologia que tem muito impacto na maioria da vida das pessoas”..José Saraiva, responsável pela Unidade de Radiologia de Intervenção de Portimão/Lagos do Hospital de Portimão. FOTO: D.R. / ULS Algarve.A sala de Neurorradiologia do Hospital de Faro está concluída, mas Inês Gil diz que há sempre espaço para melhorar. E dá como exemplo a mais recente aquisição: “Um sistema de streaming que vai permitir que, à distância, nos ajudem em casos mais complexos, em que poderemos ter a colaboração de super-experts de qualquer parte do mundo, e isso é fantástico.”.Para futuras melhorias, como uma sala de recobro, na Neurorradiologia de Faro, ou capacidade de anestesia na radiologia de intervenção de Portimão quem sabe não poderão contar de novo com os fundos europeus? Até porque já abriram as candidaturas ao ALGARVE 2030.