O choque de gerações sempre existiu e sempre houve "queixas" da geração anterior em relação à que se lhe segue. Faz parte da natureza humana, que, por definição, é resistente à mudança
Quem pertence à minha geração - a chamada Geração X (os nascidos entre 65 e 80,) está agora a liderar os da geração Z (nascidos em meados de 90 e que, agora entram no mercado de trabalho). Os millennials (nascidos a partir de 81 e até 2000) já estão em posições de relevo e já ajudam na gestão de equipas e na contratação dos mais novos.
Não gostando de generalizações, não querendo nem podendo generalizar, se a nós nos ensinaram que só havia um caminho - tirar um curso superior e ir trabalhar afincadamente e com a lealdade natural de quem valoriza o emprego que tem -, as novas gerações têm horizontes muito mais abertos, flexíveis, mutáveis, não dão nada por garantido e também não garantem nada, porque a permanência e a durabilidade de uma relação laboral não é algo que ambicionem ou com que se identifiquem.
Esta constatação (escrevo constatação porque não é uma crítica e sim uma constatação) vem abalar por completo aquilo que dávamos por adquirido.
E a riqueza que isto nos traz (passado o choque inicial!) é imensa!
Se por um lado temos gestores que prezam a continuidade, o crescimento e a responsabilidade, temos também os níveis médios que valorizam a criatividade, a simplicidade, o equilíbrio, a verdade, a diversão e os amigos.
Os millennials esperam ser ouvidos quando têm uma opinião são impacientes e impulsivos e com isso trazem grande impacto.
A Geração Z é indissociável da internet e é motivada por recompensas sociais, aconselhamentos de especialistas, feedback constante e oportunidades de crescimento pessoal.
A minha realidade, sendo responsável por uma multinacional em Lisboa, com uma equipa de quase 60 pessoas, é a de estarmos todos juntos e misturados no local de trabalho. É possível ter as três gerações (e as antecedentes também) numa única equipa global. E, ao ser das coisas mais desafiantes de gerir, é - também - das mais gratificantes.
O que eu retiro deste desafio e o que me parece cabal para manter este caldeirão de gerações devidamente motivado e à temperatura certa, passa por entender o que as separa e, em simultâneo, ter também presente aquilo que as une, aquilo que têm em comum e que pode tornar toda a equipa mais forte.
E o que têm em comum todas estas gerações?
Sejam mais impacientes, mais fiéis, mais tecnológicas, mais individualista, todas as gerações gostam de se sentir valorizadas, de encontrar o seu propósito no trabalho, de reconhecer o seu valor individual e de se envolver e se comprometer com as metas da empresa, com a cultura corporativa em que se inserem.
As lideranças têm o papel fundamental de saber usar as capacidades e talentos de cada geração e de saber garantir que a equipa composta por tão diferentes aprendizagens se mantém consistente.
É inevitável que as gerações se critiquem mutuamente. É inegável que todos achamos que "no nosso tempo" é que era bom. Mas, passada essa análise sentimental, é fulcral entender e aceitar as particularidades de cada geração, se queremos uma empresa rica e diversa. Todos aprendemos.
Mariana Veríssimo, country leader do TMF Group em Portugal