Wrexham. O “Hollywood FC” valoriza 50 vezes em quatro anos

Wrexham, o empreendimento do duo de atores norte-americanos Ryan Reynolds e Rob McElhenney, é um sucesso nas quatro linhas. E, causa ou consequência, fora delas também
Wrexham. O “Hollywood FC” valoriza 50 vezes em quatro anos
FOTO: EPA/VINCE MIGNOTT
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No fim de semana passado, o Liverpool sagrou-se, em Anfield, campeão da milionária e chique Premier League mas teve de dividir as atenções mediáticas internacionais com um evento ocorrido 65 kms a sul: a promoção do Wrexham da (muito obscura) terceira para a (um pouco menos obscura) segunda divisão. O Wrexham, como já mais de meio mundo sabe, é o clube galês comprado pela dupla de atores norte-americanos, o canadiano Ryan Reynolds e o norte-americano Ryan McElhenney, em fevereiro de 2021, que em quatro anos subiu três vezes de escalão. E é um caso sério de sucesso também fora dos relvados.

Comprado pelas estrelas de cinema e televisão por dois milhões de libras logo após a pandemia, o clube vale hoje 100 milhões, noticiou a Bloomberg News. Em causa, a aquisição de 15% das ações do Wrexham pelos Allyn, uma família de Nova Iorque que fez fortuna a vender dispositivos médicos.

Entretanto, o relatório anual do clube, divulgado a 31 de março, revelou uma receita de 26,7 milhões de libras na temporada 2023/24, um crescimento de 155% em relação ao ano anterior. A receita comercial saltou de 1,9 milhão de libras em 2023 para 13,2 milhões de libras na última temporada. Já a arrecadação em dias de jogo aumentou de 3,1 milhões de libras para cinco milhões.

O Wrexham está avaliado em quatro vezes a receita, ou seja, o mesmo múltiplo do Chelsea, um dos clubes mais ricos do mundo comprado pelo norte-americano Todd Boehly e outros parceiros por 2,5 mil milhões de libras em 2022, nada a ver com os dois milhões pagos pela dupla de atores. E, enquanto no mesmo período, Reynolds e McElhenney, investiram 11 milhões de libras, Boehly já gastou 1,15 mil milhões.

O valor do Wrexham, fundado em 1864 (terceiro clube mais antigo do planeta) numa cidade hoje com cerca de 45 mil habitantes, cresceu sobretudo graças ao sucesso global da série documental Welcome to Wrexham, exibida na Disney+, que acompanha o dia a dia do clube, dos donos, dos dirigentes, do treinador, dos jogadores, dos funcionários, dos adeptos mais icónicos e dos habitantes comuns da cidade. Tanto que 52,4% das receitas, diz o relatório, chegaram de fora das ilhas britânicas.

A próxima temporada da série, que conta as peripécias do primeiro acesso do clube desde 1982 à segunda divisão, conhecida como Championship e a sexta com mais receitas na Europa, atrás apenas das big five, a líder Premier League, a La Liga espanhola, a Bundesliga alemã, a Serie A italiana e a Ligue 1 francesa e quase o dobro da Liga Portugal, tem como atrações Danny De Vito, Channing Tatum e outros astros de Hollywood, desvenda o The Athletic, suplemento desportivo do The New York Times.

E Paul Mullin ou Ollie Palmer, atacantes do clube, passaram de quase desconhecidos jogadores das ligas secundárias inglesas a, eles próprios, astros de Hollywood, ao promoverem a NFL, a multimilionária liga de futebol americano, em anúncios de TV, por exemplo.

Em paralelo, Reynolds e McElhenney já contrataram a empresa de arquitetura Populous para redesenhar o tradicional Racecourse Ground e transformá-lo numa moderna arena para enfrentar o Championship, a antecâmara do sonho definitivo dos atores, a mesma Premier League em que o Liverpool se acaba de sagrar campeão.

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