O mercado imobiliário, as incertezas e os sinais de valorização

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Desde o início do ano que estamos expectantes em relação ao mercado imobiliário, que não deixa de crescer e de nos surpreender. Portugal que já previa uma subida de preços imobiliários, consequência da pandemia, inflação e taxas de juro, agora vê-se no meio de uma incerteza ainda maior com o conflito na Ucrânia a preconizar uma subida de preços sem precedentes.

As sanções impostas à Rússia vão reduzir o número de vistos gold atribuídos, e se os oligarcas russos investiram cerca de 35 milhões de euros por ano desde 2019 (parte do qual canalizado para o setor imobiliário), em 2022 é expectável que este valor seja perto de zero.

As sanções impostas à Rússia têm consequências muito duras para a Europa com o custo do transporte de materiais a aumentar consideravelmente, impactando diretamente a subida de preços dos materiais de construção, por conseguinte, no preço final dos imóveis novos. Automaticamente, a procura de imóveis usados sobe e também o seu preço.

Se a China apoia abertamente Putin e tem como consequência sanções do Ocidente, pode provocar o colapso em algumas áreas do sistema económico e financeiro, pois a dependência que o Ocidente tem da China é bastante alta. O investimento da China em Portugal via vistos gold foi de mais de 220 milhões de euros, em 2019, mais de 150 milhões, em 2020, e mais de 135 milhões, em 2021, o que pode de facto ter um impacto significativo no mercado, visto que grande parte deste investimento é canalizada para o setor imobiliário.

A boa notícia é que, para já, no que diz respeito às taxas de juro, o BCE decidiu não fazer mudanças bruscas e estima que se possam subir um ponto percentual até ao final do ano, ainda assim, abaixo das expectativas no início de 2022.

A chegada de migrantes pode também ter um efeito positivo no mercado, por um lado, para colmatar as necessidades de trabalhadores e, por outro, o seu consumo e as suas necessidades de habitação, especialmente no que toca ao arrendamento, vão manter o mercado a trabalhar.

Trocando por miúdos:

Se é verdade que a tendência é para os preços subirem, também é verdade, que se prevê que a procura suba também, ou seja, o mercado imobiliário vai continuar a crescer, pois há mais pessoas, poucos apartamentos e com o preço dos materiais e a escassez de espaços, não vai haver uma corrida desenfreada à construção de novos fogos.

Se a incerteza do mercado imobiliário era grande, agora está maior. A uma crise pandémica juntou-se um conflito armado capaz de provocar uma crise sistémica com colapsos em vários setores.

Dito isto, não vemos os preços baixarem ou o mercado parar, o que é bom e mantém os ânimos tão elevados quanto possível numa altura como a que vivemos.

Nélio Leão, CEO da Imovendo

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