O trio feminino

Umas coisas correrão bem, outras mal. As mulheres serão, inevitavelmente, submetidas a uma avaliação impiedosa.
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Ganhei, esta semana e enquanto lia um artigo da Harvard Business Review -- um exclusivo Dinheiro Vivo para Portugal --, a consciência de algo que, a acontecer, será inédito.

No caso de Hillary Clinton vencer, em novembro, as eleições nos Estados Unidos, pela primeira vez teremos três mulheres líderes no G-7.

Ao lado dos líderes do Canadá, Japão, Itália e França, estarão no grupo dos sete países mais industrializados e desenvolvidos do mundo, Angela Merkel, a chanceler alemã, Theresa May, a primeira-ministra britânica, e Hillary Clinton, a sucessora de Obama.

Será diferente? Sem dúvida. E o mundo será, conforme pergunta a Harvard Business Review, melhor com Merkel, May e Clinton no poder?

Tenho poucas dúvidas de que a resposta será sim, de que a negociação de assuntos estratégicos e de extrema importância no G-7, bem como os seus resultados, serão melhores, mais do que não seja pela conjugação das perspetivas e características ímpares - não as físicas, obviamente - dos homens e das mulheres, e pelo equilíbrio de dois olhares sobre o Mundo.

Umas coisas correrão bem, outras mal. As mulheres serão, inevitavelmente, submetidas a uma avaliação impiedosa, simplesmente pelo facto de terem nascido mulheres. E a dinâmica dos encontros, mas, sobretudo, do processo negocial e dos confrontos não será a mesma.

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Hillary Clinton, candidata à presidência dos Estados Unidos. Fotografia: REUTERS/Brian Snyder[/caption]

Merkel, May e Clinton são do género feminino, mas essa felicidade não as transforma em génios da lâmpada. É possível ter impressões sobre as suas personalidades, mas também se conhecem os seus pensamentos políticos e económicos. E elas não vivem isoladas, pertencem a partidos, a grupos que as limitam no campo de atuação.

Gostaria de as ver em ação numa negociação sobre um tema fraturante, gostava de saber o que farão individualmente e se tenderão a aliar-se, gosto, mais do que tudo, que possa vir a ser possível esta a composição do G-7.

Mais importante do que os resultados, será o seu significado e a inspiração que poderá trespassar para outras mulheres. Quem me conhece sabe que não sou de causas, quem me lê sabe que a igualdade de género é a minha única causa. Este trio será mais um passo e a esperança renovada de que, em breve, as mulheres terão uma voz, e já agora, um salário, igual à dos homens.

Jornalista e diretora do Dinheiro Vivo

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