Oni investe 30 milhões para cobrir mais 120 mil empresas em três anos

Telco portuguesa para o segmento empresarial tem nova rede de fibra ótica, novo serviço que promete massificar acesso a 10 Gbps para empresas, sem fidelização, e novo plano de investimentos em Portugal.
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A empresa de telecomunicações Oni, especializada no segmento empresarial, anunciou esta quinta-feira que tem uma nova rede de fibra ótica, o que permite já hoje oferecer às empresas o acesso a internet de banda larga de 10 Gbps (gigas por segundo), sem qualquer tipo de fidelização. O novo serviço é a grande aposta da telecom, integrando um plano de investimentos de 30 milhões de euros para, em três anos, cobrir mais 120 mil empresas.

O anúncio da empresa liderada por Nuno Saraiva é o primeiro passo conhecido após um processo de reposicionamento da Oni, que foi adquirida em 2020 pelos espanhóis da Gigas. A Oni apresenta-se hoje como um operador integral de soluções convergentes de comunicações eletrónicas, cloud e segurança.

A rede da Oni compreende 9.200 quilómetros de cabos óticos, distribuídos por todo o país, e mais 75.800 quilómetros de pares de fibra, entre ativos de rede próprios e arrendados ou cedidos via contratos de longo prazo. O alcance da rede é resultado de mais de 550 milhões de euros de investimento, ao longo de duas décadas de atividade.

Agora, o operador tem uma nova infraestrutura de rede exclusiva para as empresas, suportada pela tecnologia XGS-PON -10 (X) Gigabit Symmetrical Passive Optical Network. A nova rede permite a adoção da FTTP (Fiber To The Premises) e o lançamento de uma nova oferta de internet banda larga às empresas, de acordo com o explicado pelos responsáveis da Oni num evento de apresentação do novo serviço, esta quinta-feira, em Lisboa.

A nova oferta consiste em internet de banda larga de 10 Gbps, o que -garante a empresa - torna este operador no primeiro a disponibilizar em Portugal este tipo de velocidade de dados de forma massiva. A Oni assegura uma oferta com "latência mínima" e de "alta segurança" na conectividade pretendida.

Numa demonstração do novo serviço, os números notavam melhorias claras: 0,5 segundos de latência (tempo de resposta); 9,3 segundos de download; e oito segundos de upload.

Nesta primeira fase, a nova rede e nova estará disponível "nas principais cidades do país". Em Lisboa e no Porto a rede FTTP deverá cobrir 50% das empresas com 4 a 250 empregados já existentes. Só essas duas cidades vão representar 65% do volume de negócios. Aliás, com esta inovação, as pequenas e médias empresas passam a ser o principal target da Oni.

As restantes cidades a ter acesso a este tipo de oferta são, Aveiro Braga, Coimbra, Évora, Faro, Funchal, Leiria, Setúbal e Viseu. O novo serviço estará disponível nos parques empresariais zonas de retalho das cidades.

Segundo Nuno Saraiva, presidente executivo da Oni, e Diego Cabezudo, CEO e cofundador da Gigas, as redes de fibra ótica disponíveis hoje no país são usadas pelos segmentos residencial e empresarial, tendo sido construídas a pensar no mercado residencial. Ora, o uso "intensivo" das redes pelo segmento residencial, sobretudo para consumos de lazer (plataformas de streaming, gaming e redes sociais) acaba por limitar a qualidade das redes para as empresas.

Por isso, argumentam ambos, a nova rede e o novo serviço da Oni constitui uma alternativa. A gama XGS-PON é "exclusivamente" para uso empresarial, o que representa "um passo determinante para o setor de telecomunicações, e para a economia portuguesa", uma vez que a maioria das pequenas e médias empresas depende hoje de redes com "perfil residencial".

"Está é uma rede simétrica, logo não partilha os recursos do mercado residencial", explica Nuno Saraiva. Assim, trata-se de uma dedicada "exclusivamente ao mercado empresarial", explica.

Os preços da nova oferta variam entre os 25 e os 150 euros mensais, sendo que só o pacote de 150 euros garantirá banda larga de 10 gigas às empresas. Os valores são "muito aceitáveis", segundo Diego Cabezudo, tendo em conta que a nova oferta surge no mercado "sem fidelização".

A nova oferta é assegurada pelos servidores da Oni, mas a empresa mantém o acordo com a Altice para fornecimento de rede, e o objetivo é continuar a trabalhar com a dona da Meo nos próximos anos. A empresa tem "boas relações" com a Altice, segundo os gestores. Os responsáveis da Oni contaram que também têm boas relações com a NOS e Vodafone.

Mais 120 mil empresas em três anos. Mais de 50 mil serão PME

A nova oferta às empresas, apresentada e disponibilizada hoje, integra um plano de investimentos a três anos. A Oni prevê investir 30 milhões até 2025 para chegar a mais 120 mil empresas. Os trabalhos para este investimento jáestão em marcha desde 2021.

Das 120 mil empresas pretendidas, "cerca de 52 mil" serão pequenas e médias empresas, com 4 a 250 trabalhadores, o que representa "35,8% do target de clientes empresariais total".

Ou seja, a empresa até agora estava apenas focada em servir grandes empresas, com redes dedicadas. O líder da Gigas, Diego Cabezudo, confirma que, por isso, a atual quota de mercado da Oni "é muito baixa". Daí este plano, que levará a telecom a virar-se para outras empresas de menor dimensão, angariando mais clientes, sobretudo pequenas e médias empresas.

"Abrir a Oni a um mercado muito maior e ganhar quota de mercado é o objetivo", afirma o gestor da casa-mãe. A empresa não revela qual é a base de clientes hoje, mas Cabezudo diz que, numa primeira fase (já em execução) - somando os atuais e futuros clientes - a Oni servirá 25 mil empresas em Portugal.

"A oferta inédita e inovadora que lançamos hoje é um marco histórico para a ONI mas também para Portugal. Queremos ajudar as empresas na sua transformação digital e ajudar as startups tecnológicas a crescerem, apoiando deste modo o seu sucesso", afirma Nuno Saraiva, CEO da ONI.

"Reforçamos a nossa posição de operador inovador, ao sermos os primeiros a lançar e democratizar uma oferta de 10 Gbps para empresas, sem fidelização e com uma forte cobertura a nível de território nacional", acrescenta.

Para Diego Cabezudo, da Gigas, a nova rede e o novo serviço "reitera o compromisso" do grupo espanhol em investir em Portugal. Cabezudo revela que a Oni já representa "metade das receitas do grupo".

"A ONI tem uma longa história, um excelente historial na prestação de serviços tecnológicos às maiores empresas do país, e na implementação de infraestruturas de fibra ótica. Com o serviço que hoje lançamos, a Oni quer levar a mais alta tecnologia às pequenas e médias empresas, aproveitando os grandes investimentos que a ONI tem feito nos últimos 20 anos", refere.

A Oni integra hoje o grupo Gigas, uma multinacional espanhola especializada em serviços convergentes de comunicação, cloud e cibersegurança. Criado em 2011, este grupo presta hoje serviços a mais de 10 mil clientes globalmente e opera 11 centros de dados na Europa, EUA, e América Latina. Em Portugal, a Oni contribui com quatro data centers, dois em Lisboa e dois no Porto.

Os escritórios e data centers do grupo localizam-se, além de Portugal, em Espanha, Irlanda, Estados Unidos, México, Colômbia, Chile e Peru.

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