O futuro das escolas de negócios não está apenas em formar bons alunos e futuros líderes, mas também em criar startups que resolvam problemas reais. Portugal está bem posicionado para dar o salto. Durante décadas, o conhecimento científico e de gestão produzido em universidades e centros de investigação seguiu um destino previsível: publicação em revistas, apresentação em congressos, arquivo em bibliotecas. O impacto? Importante, sim. Mas, muitas vezes, limitado ao circuito académico.Hoje, essa lógica está a mudar de uma forma muito acelerada. Países como o Reino Unido, os Estados Unidos e a Índia estão a redesenhar as suas políticas de inovação e empreendedorismo para transformar ciência em startups, laboratórios em motores económicos e investigadores em fundadores.Um bom exemplo disso acontece no Reino Unido onde foi criada a ARIA — uma agência pública que financia investigação de alto risco e elevado impacto, fora das amarras burocráticas tradicionais. O governo britânico foi mais longe e, recentemente, nomeou uma Conselheira de Empreendedorismo no Tesouro. A mensagem é clara: se queremos competir globalmente, temos de fazer com que a ciência e a gestão originem empresas e empregos.Ao longo dos últimos anos, surgiram exemplos inspiradores de ligação entre academia e mercado. Todos os anos no final de cada edição do MBA da AESE Business School são apresentados projetos desafiantes e com alto potencial de implementação em setores tão diversos como healthtech, mercados financeiros, indústria e serviços. A Universidade de Coimbra deu ao mundo a Feedzai, uma das mais promissoras startups de inteligência artificial na área financeira. Em Lisboa, nasceu a Biosurfit, pioneira em diagnóstico rápido. E, no Porto, a iLoF está a revolucionar a medicina personalizada.Mas a mudança mais transformadora está a acontecer dentro das próprias escolas de negócios. Cada vez mais, os estudantes não querem apenas aprender. Querem resolver problemas reais. Querem impacto. E muitos encontram no empreendedorismo a linguagem certa para isso. Imaginem uma escola onde trabalhos finais de MBA são protótipos ou MVP’s de um novo produto ou serviço. Onde programas de direção de empresas geram spin-offs. Onde a formação setorial é acompanhada por competências de negócio, financiamento e liderança. Essas escolas de negócios já não são uma utopia — são uma realidade concreta.O que está em causa não é apenas inovação. É soberania económica. É o combate à fuga de cérebros. É a resposta a desafios como saúde, clima, alimentação, energia e inclusão. E tudo isto nasce de uma equação simples: conhecimento + empreendedorismo = progresso. Se Portugal quiser liderar na próxima década, precisa de apostar com convicção nesta equação. O futuro constrói-se com ideias. Mas só se transforma com ação.