Quando, no meu último escrito, perguntava “isto está assim tão mau?”, não contava que a The Economist respondesse de uma forma tão enfática, colocando Portugal como a melhor economia do ano de 2025. À boa maneira portuguesa, cá nos afadigámos a desvalorizar esse estatuto, seja porque a classificação era obtida com base em, apenas, 3 critérios, seja porque nem nesses as coisas estariam assim tão bem. Mesmo o governo não parece ter ficado convencido da solidez do resultado tal a insistência que continuou a pôr na necessidade de rever a legislação laboral. Nesse sentido, não sei se o resultado da The Economist não poderá ser considerado inoportuno, para usar um adjetivo que os membros do executivo parecem ter tornado refrão, já que não ouvi nenhum proclamar que se os resultados já são assim tão bons, esperem até que as medidas produzam efeitos.Para ser justo, reconheça-se que várias análises comparativas, conduzidas por organizações internacionais, têm considerado a nossa legislação laboral demasiado rígida, a necessitar de alguns retoques, por exemplo quanto à possibilidade do despedimento individual e à constituição e gestão do banco de horas. Em paralelo, outros estudos revelam que, em média, a qualidade dos processos de gestão nas empresas portuguesas deixa a desejar, em particular no que diz respeito à gestão das pessoas (seleção, carreiras, formação, incentivos) em domínios que pouco dependem da legislação laboral, mas de práticas internas das empresas. Esses mesmos trabalhos demonstram que a melhoria nesses processos tem um impacto significativo na produtividade e desempenho empresariais e que a dimensão das empresas conta, com as maiores a juntarem melhores práticas com salários mais elevados e melhores resultados.Uma proposta política integrada, mais assente em evidência empírica consolidada e numa perspetiva estratégica de evolução da economia empresarial, deveria preocupar-se em criar incentivos para essa evolução virtuosa e não em facilitar a perpetuação, quiçá o aprofundamento, de métodos de gestão primários. Menos ideologia e mais racionalidade.